A Ford Motor Company anunciou que vai encerrar imediatamente as operações de manufatura em suas duas fábricas no Brasil, instaladas em Camaçari, na Bahia, e em Taubaté, em São Paulo, assim como a de sua subsidiária Troller, localizada em Horizonte (CE). A decisão foi divulgada por meio de um comunicado distribuído na tarde de hoje (11) à imprensa.
Como resultado, a Ford encerrará as vendas do utilitário esportivo compacto Ecosport, dos compactos Ka e Ka Sedan, e do SUV Troller T4 assim que terminarem os estoques. Além desses, atualmente compõem o portifólio da marca no mercado nacional a picape Ranger, feita na Argentina, os SUVs Edge ST e Territory, trazidos do Canadá e China, respectivamente, e o superesportivo Mustang, feito nos Estados Unidos.
Por enquanto, a duas plantas brasileiras da Ford serão mantidas em atividade apenas para a fabricação de peças por alguns meses, a fim de garantir a disponibilidade dos estoques de pós-venda.
Enquanto isso, a fabricante do T4 continuará operando até o quarto trimestre deste ano. O anúncio da montadora estado-unidense acontece poucos dias após a Mercedes-Benz também comunicar o fim da produção de automóveis no Brasil.
“Nosso dedicado time da América do Sul fez progressos significativos na transformação das nossas operações, incluindo a descontinuidade de produtos não lucrativos e a saída do segmento de caminhões”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul e Grupo de Mercados Internacionais. ”Esses esforços melhoraram os resultados nos últimos quatro trimestres, entretanto a continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo”, justificou o executivo.
Contudo, a empresa se comprometeu a manter a assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul.
Ainda segundo o comunicado, o mercado brasileiro continuará a ser atendido com seu portfólio global de produtos, entre eles, além da Ranger, a nova linha da van Transit, que será fabricada no Uruguai (com possibilidade de propulsão elétrica); a recente geração do icônico utilitário esportivo Bronco, lançada ano passado nos Estados Unidos; e a reedição do superesportivo Mustang Mach 1, com motor 5.0 V-8 de 480 cv. Além deles, a empresa lançou no último ano a Ranger Storm, o Territory e o Escape na região da América Latina. Ao mesmo tempo, a empresa tem planos para acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados.
Também serão mantidos o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas.
“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente-executivo da Ford mundial. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro”, concluiu o executivo.
Em decorrência dessa decisão, a Ford prevê uma despesa de aproximadamente US$ 4,1 bilhões, sendo US$ 1,6 bilhão relacionados aos custos administrativos (baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos), e os US$ 2,5 bilhões remanescentes direcionados a indenizações trabalhistas, como compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.
Em fevereiro de 2019, a Ford Caminhões já havia encerrado as atividades com o fechamento da mais antiga fábrica da marca no Brasil, localizada em São Bernardo do Campo (SP), onde à época eram produzidas as linhas de veículos comerciais Cargo, no segmento de pesados, e as séries F-350 e F-4000, de leves e semi-leves, além do hatch compacto Fiesta.
É o fim de uma história centenária, iniciada em 1919, quando a marca começou a importar os componentes e montar no país o modelo de passeio Ford T, conhecido como “Fordinho” ou “Ford bigode”, que foi o primeiro modelo do mundo fabricado em uma linha de montagem, e o caminhão TT – derivado do mesmo automóvel -, apenas dois anos após o lançamento da versão de carga nos Estados Unidos.
Fonte: Ford do Brasil I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação