Após 4.622,5 km de prova, o quarteto formado pelo piloto brasileiro Hélio Castroneves, ao lado de Filipe Albuquerque (POR), Ricky Taylor e Alexander Rossi (EUA) conquistou, no último domingo (31), a primeira vitória para a fabricante japonesa Acura na Rolex 24 Horas de Daytona, uma das mais tradicionais e cobiçadas corridas de longa duração do mundo, disputada anualmente desde 1962. A prova teve largada às 17h30 do sábado (horário de Brasília), e abriu a temporada de 2021 da Imsa (International Motor Sports Association), que equivale ao campeonato de endurance dos Estados Unidos.
Combinando velocidade e resistência, o protótipo ARX-05 nº 10 da equipe Wayne Taylor Racing – junção do chassi francês Oreca, totalmente de fibra de carbono, com o motor Acura V-6 biturbo, de 3,5 litros e 600 cv -, venceu a categoria DPi (Daytona Prototype International), a principal e mais veloz da competição, completando o percurso em 24h00min14s673. No total, foram 807 voltas pelo traçado misto de 5.728 m, mas que, em sua maior parte, se estende pelo circuito oval da lendária pista da Flórida.
Foi a terceira vitória consecutiva para a equipe WTR, além das conquistas em 2005 e 2017. Dessa forma, ela se junta ao time de Chip Ganassi (campeão de 2006 a 2008) como as únicas equipes a conquistarem três vitórias em série na classificação geral da 24 Horas de Daytona.
Ao mesmo tempo, este primeiro triunfo da Acura interrompe o domínio da Cadillac na Rolex 24 Horas, que nas últimas quatro edições consecutivas ocupou a primeira posição do pódio com seus pilotos, incluindo o brasileiro Christian Fittipaldi em 2018, tricampeão da prova.
Mas a participação destacada do Brasil nesta 59ª edição da prova – certamente, uma das mais bem-sucedidas em corridas de longa duração de todos os tempos – foi muito além da vitória de Helinho, nascido em Ribeirão Preto (SP) e que, vale lembrar, é o atual campeão da Imsa pela equipe Penske, da qual foi dispensado no final do ano passado após 21 temporadas, sendo 18 delas na F-Indy, onde faturou três vezes a 500 Milhas de Indianápolis.
A bandeira verde e amarela já havia tremulado no ponto mais alto do pódio de Daytona no domingo anterior, graças ao trabalho consistente do brasilense Felipe Nasr (ex-Sauber F1) e do paulistano Pipo Derani, vencedor da Rolex 24 Horas já em sua estreia, em 2016, e tricampeão da 24 Horas de Sebring. Dividindo o cockpit do Cadillac DPi da equipe Whelen Engineering Racing, eles conquistaram a primeira posição na prova de classificação Motul Pole Award 100, garantindo a pole-position geral para a 24 Horas.
Já na corrida principal – quando se juntaram ao time o estado-unidense Chase Elliott (atual campeão da Nascar), e o britânico Mike Conway, que tem um dos pés na F-Indy, atualmente -, o protótipo branco e vermelho nº 31 mantinha a vitória em seu campo de visão até o início da manhã de domingo, quando Nasr foi obrigado a recolher o Cadillac ao box para reparar o câmbio, travado em terceira marcha. No retorno à pista, 20 voltas depois, já com Elliott ao volante, ainda foi possível assegurar a oitava posição na classificação geral e a sexta na categoria DPi.
Fora isso, Nasr se despediu novamente de Daytona com o recorde da pista para a classe DPi debaixo do braço, com o tempo de 1min34s504 (média de 218,2 km/h), estabelecido em janeiro de 2019. A melhor volta deste ano foi de Renger van der Zande, com o Cadillac DPi da equipe Chip Ganassi, quinto colocado na prova, que marcou 1min34s657 (217,8 km/h de média).
A equipe de fábrica BMW RLL escalou novamente Augusto Farfus Júnior, campeão da prova em 2019 na categoria Gtlm (Grã Turismo Le Mans), para conduzir o M8 GTE nº 24, na mesma classe.
Ao lado de John Edwards (EUA), Jesse Krohn (FIN) and Marco Wittmann (ALE), o curitibano alcançou o pódio na categoria, com o terceiro lugar (atrás dos dois Chevrolet Corvette oficiais), e a 13ª posição na geral.
Os outros dois brasileiros disputaram a classe GTD (Grã Turismo Daytona) por equipes diferentes, mas ao volante de duas Ferrari 488 GT3.
Atual tricampeão da Stock Car e duas vezes vencedor da 24 Horas de Le Mans na classe Lmgte (Le Mans Grand Touring Endurance Professional), Daniel Serra, também de São Paulo, integrou o quarteto que levou a macchina rossa nº 21, da equipe AF Corse Ferrari, à sétima sétima posição da categoria e 29º colocação geral.
Por fim, a outra Ferrari 488 GT3, essa da Scuderia Corsa, teve em sua tripulação o também ribeiraopretano Marcos Gomes, campeão da Stock Car em 2015.
Apesar de o carro ter parado de vez na volta de nº 676, quando era conduzido pelo australiano Ryan Briscoe (atual campeão da prova na categoria), Gomes teve tempo suficiente para mostrar serviço, cravando a melhor volta da corrida entre todos os 19 carros da classe GTD, com o tempo de 1min45s724. Além disso, ele também é o recordista de Daytona para a categoria, com a marca de 1min44s541, registrada em 2019.
“Foi uma pena não chegarmos ao final. Porém, não entrei na prova para ser o mais rápido entre os pilotos da categoria GTD, mas, se isso ocorreu, pelo menos mostra que o nível do automobilismo brasileiro e da própria Stock Car é muito elevado. Fico também muito feliz pela brilhante vitória do Hélio Castroneves na classificação geral e pelo pódio do Augusto Farfus na classe Gtlm”, comemorou o piloto, que é filho de “Paulão” Gomes, segundo colocado em Le Mans na categoria GT, em 1978, e tetracampeão da Stock Car.
Com a vitória de Helinho este ano, agora são seis os brazucas campeões da Rolex 24 Horas de Daytona, totalizando oito vitórias verde e amarelas na prova: Raul Boesel (1988), Christian Fittipaldi (2004, 2014 e 2018), Oswaldo Negri (2012), Tony Kanaan (2015) e Pipo Derani (2016).
A segunda da etapa da temporada 2021 do Imsa acontecerá entre os dias 17 e 20 de março, com a 12 Horas de Sebring, também na Flórida.
Fontes: Imsa, Acura, Cadillac, BMW e Marzanasco Comunicação I Tradução e edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação