Em outubro de 2022, o Mercedes-AMG One se impôs como o carro de produção mais rápido a completar uma volta no lendário circuito alemão de Nürburgring-Nordschleife, percorrendo seus 20.832 km de extensão em 6min35s183.
Desde então, o supercarro com tecnologia de propulsão híbrida trazida da Fórmula 1 permanece imbatível naquela pista, uma das mais desafiadoras do mundo, especialmente pelo trecho conhecido como “Inferno Verde”, cercado por densa floresta e sujeito a mudanças climáticas repentinas, tornando a vida dos pilotos ainda mais imprevisível.
Porém, como não existe algo tão perfeito que não possa ser melhorado, há poucos dias o alemão Maro Engel, piloto oficial e embaixador da Mercedes-AMG (a divisão de modelos de alto desempenho e competições da marca da estrela de três pontas), retornou ao cockpit do cupê de dois lugares com a missão de tentar baixar o tempo de volta que ele mesmo estabelecera naquele circuito. E conseguiu, com ampla facilidade.
Em sua melhor volta nesta nova tentativa, cronometrada oficialmente, o Mercedes-AMG One pulverizou o próprio recorde, reduzindo a marca em mais de seis segundos!
Isso faz do hipercarro da Mercedes o primeiro modelo autorizado para rodar pelas ruas da Europa a superar o limite de 6min30s. Mas como isso foi possível?
Para alcançar o ambicioso objetivo, foi necessária uma preparação meticulosa por parte da equipe Mercedes-AMG e do piloto. Além disso, as condições da pista tinham que ser as ideais.
F1 DE RUA
O Mercedes-AMG One é o único hipercarro no mercado que traz a tecnologia híbrida da Fórmula 1 diretamente das pistas para as ruas. Seu sistema de tração E Performance é composto por um motor combustão e quatro elétricos, que entrega o total de 1.063 cv de potência combinada.
Montado na posição central do chassi, junto ao eixo traseiro, o motor V-6 de 1,6 litro, a gasolina, com turbocompressor, atinge até 11.000 rpm. No entanto, para maior durabilidade e o uso de combustível comercial, ele é programado para trabalhar abaixo do limite de rotações praticado na F1.
Em relação aos motores elétricos, um deles é integrado ao turbocompressor e outro diretamente no motor a combustão (impulsionando o virabrequim), formando o sistema de tração híbrido do eixo traseiro. Os dois outros motores alimentados a bateria acionam as rodas dianteiras, compondo o eixo dianteiro 100% elétrico e com controle de torque.
A transmissão automatizada de sete velocidades é combinada ao sistema de tração integral AMG Performance 4Matic+, que atua nas quatro rodas, de forma independente e variável.
O conjunto de baterias de íons de lítio do sistema híbrido também é um desenvolvimento patenteado pela Mercedes-AMG, a partir dos carros da F1. Seus módulos de alto rendimento aliam alta potência e baixo peso, combinação perfeita a favor do desempenho. Distribuídos pelo assoalho do chassi, eles ainda contribuem para “jogar no chão” o centro de gravidade do hipercarro – condição ideal para a máxima estabilidade em velocidades extremas.
Como resultado desta transferência de tecnologia, o Mercedes-AMG One segue muito de perto o desempenho dos F1 W15 E Performance de Lewis Hamilton e George Russell. O modelo de produção, com peso total de 1.695 kg, é capaz de disparar de zero a 100 km/h em 2,9 segundos e alcançar a máxima de 352 km/h – acredite, limitada eletronicamente.
A adoção de recursos da F1 ainda inclui o uso integral de fibra de carbono para a construção do chassi monochoque (moldado numa única peça) e da carroceria, bem como a integração do conjunto de motor-transmissão como parte da estrutura do carro.
Da mesma forma, também são copiados dos monopostos a aerodinâmica ativa – com elementos móveis para priorizar a aderência ou a velocidade do carro, conforme o trecho da pista -, e a suspensão do tipo push-rod, cuja principal característica são os amortecedores horizontais.
Já os pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 R MO, com dimensões de 285/35 ZR19 (D) e 335/30 ZR20 (T), foram desenvolvidos especialmente para o Mercedes-AMG One, em parceria com a fabricante francesa.
Também é feito sob medida o sistema de freios, com discos compostos de cerâmica de alta performance AMG, que asseguram a maior desaceleração e equilíbrio da carroceria em todas as situações, garante a preparadora alemã.
SUPERANDO A SI MESMO
O novo recorde foi estabelecido ao cair da tarde do último dia 23 de setembro. No momento da volta, a pista estava seca e oferecia a condição de aderência ideal, com 15° de temperatura ambiente e de 20° no asfalto.
Assim como Hamilton e Russel na F1, Maro Engel também precisou utilizar da melhor forma possível a energia elétrica do sistema híbrido. Isso é particularmente desafiador, segundo a AMG, especialmente em uma pista com mais de 20 km de extensão.
O trabalho envolve usar as seções corretas da pista para recuperar energia durante as frenagens, a fim de recarregar as baterias novamente.
Para isso, o Engel utilizou o sistema de Controle de Fluxo de Energia (EFC) de quatro estágios do Mercedes-AMG One e, em alguns casos, deliberadamente tirou o pé do acelerador um pouco mais cedo do que faria normalmente, apenas para acumular energia em vez de gastá-la.
Testes preliminares no simulador em Affalterbach, na Alemanha – onde fica a fábrica da Mercedes-AMG -, e na própria sede da pista de Nordschleife forneceram as informações necessárias para que equipe e piloto pudessem encontrar os ajustes ideais do carro para baixar o tempo de volta.
Assim, foram selecionados os valores máximos de cambagem (inclinação vertical das rodas) dentro da tolerância de entrega. Ao mesmo tempo, foi acionado o programa de condução Race Plus, resultando na aerodinâmica ativa, com ajuste de chassi o mais firme possível, redução da altura em 37 mm no eixo da frente e 30 mm atrás. E, claro, potência total em todos os motores.
O Sistema de Redução de Arrasto (DRS), semelhante ao utilizado na F1, é ativado pelo piloto por meio de uma tecla no volante, recolhendo as aletas das asas dianteiras e o elemento aerodinâmico superior da asa traseira de dois estágios.
Esse sistema minimiza o atrito do ar, o que garante velocidades mais altas nas seções rápidas da pista. Em trechos sinuosos, os elementos aerodinâmicos se estendem novamente forma instantânea, proporcionando mais downforce, como é chamada a pressão que atua de cima para baixo sobre o carro, gerada pelo fluxo de ar em alta velocidade.
Exatamente às 18h56, em sua terceira passagem cronometrada, Maro Engel calibrou o pé direito e todas as variáveis com a precisão da engenharia germânica, cravando o tempo de volta de 6min29s090 – cerca de 6s mais veloz que o seu recorde anterior. Uma nova façanha para o supercarro híbrido da Mercedes. Suba a bordo e veja como foi (aumente o volume!):
Até o momento, o Mercedes-AMG One também é o único hypercar de série a encarar a pista de Nordschleife, dominando de forma incontestável a classe dos superesportivos, seja qual for a motorização. Lá, por enquanto, ele só tem um rival: ele mesmo.
Saiba mais sobre o Mercedes-AMG One clicando aqui. ♦
UNIVERSO MOTOR I Redação
Edição: Fábio Ometto I Fontes: Mercedes-AMG I Imagens: Divulgação
Conteúdo produzido com auxílio do Google
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