Todos os anos, a partir do início do segundo semestre, o litoral do Brasil se torna o lar temporário de dezenas e dezenas de grupos de baleias, que migram da gélida região antártica até encontrarem as águas mais quentes e ricas em alimentos ao sul e sudeste do nosso território, onde se sentem em segurança para o nascimento dos seus filhotes.
Recentemente, no entanto, as atenções se voltaram para a passagem de um espécime inédito no País, que chegou até aqui de forma completamente inusitada, não só por se aproximar pelo nordeste, mas, sobretudo, ao fazer com que os olhares tivessem que se voltar para o alto para testemunharem sua presença colossal, não para o mar.
E, então, por volta das 14h do domingo (24), em mais um dia ensolarado e normal em Fortaleza, surgiu no céu azul, preparando-se para o pouso, a figura opulenta e inconfundível de um Beluga, como são mais conhecidos os cargueiros Airbus A300-600ST Super Transporter. O apelido dado pela própria fabricante vem, claro, do formato bojudo e singular de sua fuselagem, que lembra o mamífero marinho gigante, também chamado de baleia branca.
A aterrissagem na capital cearense do Beluga ST, com o número 2 estampado na fuselagem, foi a primeira de uma aeronave desta família em toda a América Latina e incluída no roteiro para que o super cargueiro de 140 toneladas fizesse a última parada de reabastecimento antes de chegar ao destino.
O voo partiu de Marseille, na França, com a tarefa de entregar no Aeroporto Internacional de Viracopos, nos arredores de Campinas (SP), um luxuoso helicóptero ACH160 novinho em folha, adquirido por um cliente brasileiro, que tem preço básico de US$ 14 milhões, equivalente a R$ 73,5 mi, sem incluir as despesas de importação e de frete.
Antes de atravessar o Atlântico, o Beluga ST fez uma escala em Dacar, capital do Senegal, na costa da África, onde uma tempestade na atrasou a programação em um dia. A permanência do “avião baleia” em solo cearense durou menos de 24 horas; às 11h30 do domingo, a aeronave partiu em direção a Campinas, pousando no início da tarde.
Após mais dois dias em solo para a retirada cuidadosa da carga e reabastecimentos, o A300-600ST Super Transporter decolou às 10h16 da quarta-feira, de volta para a Europa. Segundo a administração de Viracopos, a operação inédita da aeronave no Brasil foi completamente bem-sucedida.
Graças ao espaço extraordinário do compartimento de carga do Beluga ST – com dimensões de 39 m de comprimento, 7,1 m de largura e 6,7 m de altura, totalizando o volume interno de 1.855 m³ -, o luxuoso ACH160 chegou aqui montado, quase pronto para voar, precisando apenas da reinstalação do rotor principal e a checagem de entrega dos sistemas mecânicos e eletrônicos da aeronave.
O desembarque contou com o suporte operacional da própria Airbus Helicopters e da sua subsidiária no mercado brasileiro Helibras, que monta e faz a manutenção das aeronaves importadas para o País ou de passagem.
Em operação desde 1995, o Beluga ST foi criado a partir do modelo comercial A300 e construído originalmente para movimentar imensas partes semi-prontas de aeronaves em produção – como asas, segmentos de fuselagens ou até helicópteros inteiros – entre as linhas de produção da Airbus espalhadas pela Europa.
Com a chegada da segunda geração do cargueiro, o Beluga XL, a partir de 2020, ainda mais espaçosa e eficiente, a Airbus começou a substituir sua frota de serviço.
Com isso, as unidades antigas da aeronave foram realocadas em uma nova operação dentro da empresa, voltada ao serviço de fretamento para clientes, tirando proveito, também, de toda a experiência da empresa no transporte de cargas especiais e indivisíveis.
Entre os muitos segmentos atendidos, estão o próprio setor aeronáutico, bem como o espacial, automotivo, náutico, elétrico e de construção civil.
Fontes: Airbus, Helibras, Azul Linhas Aéreas e Aeroporto de Viracopos I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação e redes sociais