O grupo automotivo chinês BYD – de Build Your Dreams, ou “Construa Seus Sonhos” -, que é apoiado pelo fundo de investimentos Berkshire Hathaway, presidido pelo megainvestidor Warren Buffett, destronou a Tesla, fundada por Elon Musk (considerado o homem mais rico do mundo), como o maior produtor mundial de EVs – sigla, em inglês, para “veículos elétricos” -, com base no volume de vendas.
A empresa sediada em Shenzhen atingiu a marca de 641.000 veículos comercializados nos primeiros seis meses de 2022 em todo o mundo, um crescimento astronômico superior a 300%, em relação ao número registrado no mesmo período do ano passado.
Do outro lado do Oceano Pacífico, a Tesla apontou vendas de 564.000 veículos. De acordo com a reportagem do jornal britânico Financial Times, a fabricante sediada em Austin, no Texas (EUA), alegou um segundo trimestre difícil na cadeia de suprimentos, especialmente por causa das interrupções de produção de fornecedores da China, impactados por novas variações do coronavírus e pelas consequentes restrições sanitárias naquele país.
No entanto, a comparação dos volumes de vendas entre ambas as empresas é controversa, por causa do foco de atuação de cada uma delas. É que a montadora fundada por Musk se dedica a produção de automóveis 100% elétricos e totalmente livres de poluentes locais.
Já de outra parte, muitos dos carros de passeio da fabricante asiática estão, tecnicamente, enquadrados na classe dos veículos eletrificados, com sistema de propulsão híbrido – ou seja, combina um motor a eletricidade com outro convencional, a combustão, que continua a emitir gases poluentes tóxicos por onde passa, em algum momento, ainda que em proporções bastante reduzidas em relação aos automóveis convencionais.
Por isso, vale destacar que, se contabilizadas somente as vendas de carros de passeio com tração puramente elétrica – e, por isso, com zero emissão de poluentes no local -, a Tesla se mantém na liderança global desse segmento.
No entanto, também é preciso ressaltar que atualmente a BYD exerce um papel de protagonismo no desenvolvimento e produção de veículos comerciais totalmente movidos a bateria, como caminhões, ônibus e trens urbanos, inclusive com fábrica no Brasil. Por isso, a matéria do Financial Times afirma que a ascensão da empresa evidencia o fortalecimento da China em soluções de energia renovável, ostentando vantagens de escala e custo em grande parte da cadeia de suprimentos para veículos elétricos, baterias e energia eólica e solar. “O desempenho parece impressionante”, disse Jeff Chung, analista de automóveis do Citigroup, a respeito do crescimento da BYD no segmento.
O periódico britânico ainda afirma que a BYD também ultrapassou a sul-coreana LG como a segunda maior produtora mundial de baterias para veículos elétricos, atrás da chinesa Contemporary Amperex Technology (Catl).
Em sentido oposto, conclui a matéria, a Tesla teve sua produção comprometida pelos repetidos bloqueios sanitários enfrentados pelos seus fornecedores chineses nos últimos meses, enquanto a BYD foi muito menos afetada por eles, já que suas fábricas estavam distantes dos centros urbanos onde as restrições de circulação foram mais severas.
No Brasil, a BYD já comercializa oficialmente dois modelos 100% elétricos: o SUV Tan EV e o cupê Han EV. A Tesla não possui representação no mercado nacional, mas alguns de seus veículos, como o cupê Model 3, são importados e vendidos aqui por empresas independentes.
Fonte: Financial Times I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação