A 43ª edição do rali Dakar, disputado na Arábia Saudita e considerado o maior do mundo, começou no último domingo (3) e vai até o próximo dia 15, mas já é histórica. Após 16 anos, uma das 12 etapas foi vencida por uma piloto mulher, a espanhola Cristina Gutierrez Herrero. Ela compete na categoria Protótipos Leves dos UTVs, que são veículos que misturam características de carro e de quadriciclo. O detalhe é que até meados de dezembro, a autora do feito, que trabalha como dentista, não tinha carro nem equipe para competir.
“Foi um dia sensacional, perfeito. Fiquei muito feliz em me sair tão bem já no primeiro dia de corrida. Mas não era o meu objetivo, só queria manter um ritmo consistente e rápido, mas seguro. Uma vez eu fiz um curso da FIA [Federação Internacional de Automobilismo], no Catar, liderado pela Jutta Kleinschmidt. De certa forma, ela foi minha primeira professora. Estou muito orgulhosa em vê-la feliz com a minha vitória”, disse Cristina à imprensa.
Kleinschmidt, a quem a espanhola se refere, foi justamente a última piloto mulher a ganhar uma etapa do rali, em 2005. A alemã, que recebeu o apelido de “Rainha do Dakar”, trabalha como delegada da FIA (Federação Internacional do Automóvel) em provas de cross-country, como o próprio Dakar e o brasileiro Rally dos Sertões.
Cristina tem o francês François Cazalet como navegador e vem se mantendo nas primeiras colocações do rali. Após a vitória na primeira etapa, no domingo, a dupla finalizou a especial de segunda-feira em segundo lugar e a de terça-feira em terceiro.
Ao final dos três primeiros dias, a parceria liderava a disputa entre os Protótipos Leves, tendo percorrido 1.137 quilômetros em 13 horas, 32 minutos e 57 centésimos. A vantagem para a dupla que vinha em segundo entre os UTVs, formada pelo piloto norte-americano Seth Quintero e o navegador alemão Dennis Zenz, era de 8min00s13.
Segundo a Amaury Sport Organisation (ASO), empresa francesa organizadora do Dakar, há 16 mulheres entre os cerca de 440 participantes da edição deste ano do rali. Na mesma categoria de Cristina, há uma dupla totalmente feminina, formada pela piloto italiana Camelia Liparoti e a navegadora alemã Annett Fischer.
Outro aspecto curioso na façanha de Cristina é que ela tenha ocorrido justamente na Arábia Saudita, onde as mulheres só foram autorizadas a obter a carteira de habilitação há pouco mais de dois anos.
O Brasil tem cinco representantes no Dakar deste ano. Na categoria UTV, o campeão de 2018 Reinaldo Varela faz dupla com o navegador Maykel Justo, além de Gustavo Gugelmin, que navega para o piloto estado-unidense Austin Jones.
Na categoria Carros, o país marca presença com as duplas Guilherme Spinelli e Youssef Haddad, ao lado de Marcelo Gastaldi e Lourival Roldan.
Fonte: Agência Brasil I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação