O início das transmissões por radiodifusão no Brasil está completando um século. Nessa mesma onda de expansão global do meio de comunicação revolucionário, à época, o rádio também começava fazer parte da lista de equipamentos “imprescindíveis” dos automóveis.
Os primeiros aparelhos automotivos apareceram no início dos anos de 1920, nos Estados Unidos, como itens exclusivos e personalizados, construídos por fabricantes quase artesanais, com base na tecnologia de válvulas.
A estreia do rádio feito especialmente para equipar um automóvel aconteceu nos modelos da Chevrolet, em 1922 – período em que essa tecnologia de comunicação apenas engatinhava. Mas, ainda bem diferente de como o conhecemos hoje.
Década 1920 ______________________________________________________________________
Nessa época de experimentação, o rádio era um equipamento pesado, nada compacto, precisava de baterias independentes e a antena ocupava toda a área sobre o teto do carro.
Apenas a unidade de controle era alojada diretamente no painel de instrumentos, enquanto o receptor e o amplificador eram instalados em um local diferente, como no porta-malas.
A instalação também era complexa, tanto que o custo do equipamento correspondia a quase um quarto do valor de um sedã de luxo da marca.
Uma curiosidade é que o fonógrafo (ancestral dos alto-falantes) era voltado para a parte externa, já que a tecnologia ainda rudimentar dos rádios sofria com interferências do motor e com a trepidações das vias, além da frequência das escassas estações AM da época oscilar muito entre os deslocamentos. O aparelho foi pensado para que as famílias pudessem ouvir jazz, música clássica, noticiários, cultos e programas de entretenimento enquanto faziam seus tradicionais piqueniques ao ar livre nos fins de semana.
No início, esse avanço foi muito bem recebido não apenas nos Estados Unidos, mas, também, na Europa, e a paixão pela introdução desse equipamento nos veículos cresceu rapidamente nos dois lados do Atlântico.
______________ Década 1930 ___________________________________________________________
O primeiro rádio automotivo produzido em massa na Europa foi fabricado pela Bosch e apresentado em 1932. Ainda assim, continuava sendo um item relativamente caro, até porque sua instalação exigia um par de técnicos por dias inteiros de trabalho. Os reflexos da Grande Depressão na economia representavam outro grande desafio. O aparelho pesava 15 kg, mas seu preço altíssimo não era um problema para alguns clientes, já que representava um equipamento opcional e reservado para os modelos de luxo.
Em comparação com os aparelhos pioneiros da década anterior, o modelo da Bosch já era relativamente compacto (ao menos, não ocupava mais o espaço de uma pessoa na cabine), tornando possível sua instalação embaixo do painel de instrumentos. Contava com alto-falante com ajuste de volume e já tinha o propósito de entreter os ocupantes no trânsito.
_____________________________ Década 1950 ____________________________________________
O pós-guerra foi marcado por uma grande ruptura comportamental pela liberdade, muito evidente nas músicas da época, além do fim da escassez de bens de consumo em geral.
Ao mesmo tempo, os rádios automotivos se tornaram significativamente mais compactos e foi possível integrá-los completamente ao painel de instrumentos. Os aparelhos traziam itens inéditos como botões para a seleção de estações de rádio e a opção para a transmissão em frequência modulada (FM), que ajudaram a eliminar ruídos.
Aliás, era tanto o anseio por novidades que a indústria até que tentou emplacar nos veículos tecnologias que despontavam no mercado, como o cartucho de oito músicas ou a vitrola com disco de vinil. Nenhuma delas, no entanto, prosperou comercialmente.
________________________________________ Década 1960 _________________________________
Os anos seguintes também marcaram um novo auge do rádio automotivo. As transmissões codificadas por frequência modulada (FM) oferecem melhor qualidade de sinal.
Outras inovações incluíram teclas de estação de rádio e funções de varredura de estação. A tecnologia de transistor, abertura para fita cassete e som estéreo seguiram na década de 1960.
________________________________________________ Década 1970 _________________________
Mas o grande salto foi dado com o surgimento dos primeiros rádios automotivos totalmente transistorizados na década seguinte, assim como o sistema de som estéreo. Enquanto os transistores permitiram reduzir os rádios veiculares ao tamanho próximo dos atuais, para serem encaixados no painel, o estéreo melhorou a qualidade acústica por conseguir recriar a posição dos sons onde foram espacialmente gravados.
Foi o lançamento do toca-fitas nos anos 1970 que deu uma guinada em relação ao entretenimento a bordo. Isto, porque os ocupantes agora podiam selecionar os conteúdos que iam apreciar durante seus deslocamentos, que passavam a ser mais duradouros, por conta do tráfego urbano intensificado e da malha rodoviária que se ampliava em ritmo acelerado.
_____________________________________________________ Década 1980 ____________________
Desde então, as unidades de rádio automotivo foram aprimoradas como sistemas completos de mídia digital e tecnologia da informação.
Passos cruciais na década seguinte levaram à integração de um CD player nos anos de 1980 e a combinação com navegação por satélite.
___________________________________________________________ Década 1990 ______________
Outra evolução marcante da qualidade sonora veio com o toca-CDs, que dominaram nas décadas de 1990 e 2000, inicialmente com os modelos Single DIN e depois com os Double DIN, que passaram a ocupar o dobro do espaço.
Isso também estimulou os designers a repensar o visual dos aparelhos de áudio, que passaram a ser integrados ao painel.
_________________________________________________________________ Década 2000 ________
Os rádios com entrada MP3, que chegaram ao mercado a partir da virada do milênio, permitiam espetar mídias com maior capacidade de armazenamento de dados.
Por isso começaram a ganhar a preferência dos consumidores, especialmente porque eles não precisavam mais carregar estojos com discos ou fitas K7 que ocupavam espaços nobres dos porta-objetos dentro da cabine.
__________________________________________________________________________________ Hoje
Ao mesmo tempo, a tecnologia não para de evoluir. No carro conectado de hoje, o áudio é parte integrante da telemática do veículo, telecomunicações, segurança, chamadas com mãos livres, navegação e sistemas de diagnóstico remoto.
Mas, seja por meio da recepção de sinal digital, streaming via smartphones ou MP3 de um pen drive, qualquer pessoa que desfrute do áudio nos veículos atuais está se beneficiando da multifacetada história tecnológica dos rádios automotivos. Saiba um pouco mais sobre essa longa escalada dos sistemas de áudio a bordo contada por quem entende do assunto:
Fonte: Chevrolet, Ford e Mercedes-Benz I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação