Seria difícil imaginar uma maneira mais autêntca e sensacional de a Fórmula Indy, principal categoria de monopostos continente americano, e todos os seus fãs comemorarem o Fourth of July (quatro de julho) – o dia da independência dos Estados Unidos -, do que a vivida no último -domingo. Afinal, ao término das 200 Milhas de Mid-Ohio, o primeiro a receber a bandeira quadriculada foi Joseph Newgarden, da equipe Penske, com um carro equipado com motor Chevrolet – ou seja, piloto, equipe e motor nascidos naquele país.
Mas para tornar esta conquista puro-sangue ainda mais branca, vermelha e azul, o primeiro triunfo de Newgarden e da própria escuderia em 2021, depois de um jejum compartilhado que se arrastava por nove corridas, aconteceu em pleno fim de semana em que a equipe fundada pelo “Capitão” Roger Penske comemorava os 50 anos de sua primeira vitória na F-Indy – assinalada pelo primogênito piloto Mark Donohue, também nascido nos Estados Unidos -, encerrando a festa com banho de champanhe e no lugar mais alto do pódio.
O bicampeão Newgarden chegou à sua 19ª vitória na F-Indy com a autoridade, depois de liderar 73 das 80 voltas, e levar a melhor no duelo ao longo dos últimos dez giros com o sueco Marcus Ericsson, da Chip Ganassi-Honda, que terminou na segunda posição, seguido pelo seu companheiro de equipe, o espanhol Alex Palou.
Com os 35 pontos desta terceira posição, Palou se reafirmou na liderança do campeonato, com 384 pontos, seguido pelo mexicano Pato O´Ward, da McLaren-Chevrolet, com 345, e do neozelandês Scott Dixon, atual campeão da Indy (além de outros quatro títulos), com 328.
Fundado em 1966, a Team Penske logo encontrou o sucesso no automobilismo com Donohue ascendendo ao topo daquela categoria. Enquanto ainda participava de corridas da Can-Am e Trans Am, Roger Penske e Donohue estenderam seus horizontes para a Fórmula Indy em 1969 – que naquela época era chamada de Usac, de United States Auto Club -, com o objetivo de vencer a 500 Milhas de Indianápolis em até três anos, o que, porém, só viria ocorrer em 1972.
Antes disso, porém, Mark Neary Donohue Jr., nascido no condado de Camden, no estado da Nova Jérsei, já havia escrito, definitivamente o seu nome e o de Roger Penske na história da categoria. No domingo de 3 de maio de 1971, ele venceu a 500 Milhas de Pocono, prova de inauguração do circuito oval do estado da Pensilvânia, alcançando a primeira vitória pessoal e do Team Penske na Fórmula Indy.
O final de semana começou com Donohue cravando a pole position ao volante do McLaren M16, inscrito com o número 66, com a média horária de 277,3 km/h (172.39 mph) resultante de suas quatro voltas de classificação pelo traçado em formato de triângulo com 2,5 milhas de extensão, a mesma oval retangular de Indianápolis, no qual foi inspirado.
Largando da primeira posição, Donohue liderou 126 das 200 voltas da corrida, mas teve de suar nas voltas finais para levar a melhor no duelo com também estado-unidense Joe Leonard, da Parnelli Jones, que viria a conquistar ao final da temporada o primeiro dos seus dois títulos consecutivos. Ao receber a bandeira quadriculava, Donohue tinha uma vantagem de apenas 1,688 segundo, num dos finais mais apertados na história da F-Indy até aquele momento.
Todo o clima daquele fim de semana que se tornaria um marco na história do automobilismo dos Estados Unidos é registrado em detalhes nesse mini-documentário da época:
“Quando nossa equipe começou nas corridas, nós estávamos focados apenas em ser competitivos e lutar por vitórias”, disse Roger Penske. “Nossas equipes tiveram um longo caminho desde aqueles primeiros dias, mas nosso foco continua o mesmo: vencer. Eu não acredito que qualquer um de nós naquela época imaginava que continuaríamos correndo e vencendo mais de 50 anos depois.”
Infelizmente, Donohue faleceu em 1975, vítima de hemorragia cerebral causada por um acidente no treino de aquecimento para Grande Prêmio da Áustria de Fórmula 1 de 1975, no circuito de Österreichring.
O furo em dos pneus dianteiros do seu March 751, também da equipe Penske, fez com que ele perdesse o controle do carro, lançando-o a mais de 200 km/h contra o guard rail, antes de cair num barranco, onde ainda atingiria dois fiscais de pista, levando à morte um deles, também.
Decidido, a partir daí, a se concentrar no automobilismo norte-americano, Roger Penske e sua equipe vêm experimentando um sucesso sem paralelo na Fórmula Indy, com um histórico de 16 títulos de campeonato e, agora, 220 vitórias, sendo 18 delas nas 500 Milhas de Indianápolis, das quais cinco foram conquistadas tendo ao volante os brasileiros Emerson Fittipaldi (1993), Hélio Castroneves (2001, 2002 e 2009) e Gil de Ferran (2003).
De volta para o presente, a próxima etapa deste ano da Fórmula Indy está prevista para o dia 8 de agosto, na estreia do circuito de rua de Nashville, no estado do Tenneessee.
Fontes: Team Penske, Indycar e Wikipedia I Tradução e edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação e redes sociais