Após 12 etapas disputadas e mais de oito mil quilômetros de areia e cenários escaldantes, chegou ao final na última sexta-feira (15) o Rally Dakar 2021, disputado em seu segundo ano consecutivo na Arábia Saudita. A chegada aconteceu em Jeddah, mesma localidade de onde a caravana partiu para a primeira etapa, no dia 3 de janeiro.
Pela 14ª vez na história da competição off-road mais famosa e difícil do mundo, iniciada em dezembro de 1978, a primeira posição na classificação final da prova foi conquistada pelo francês Stéphane Peterhansel – não por acaso conhecido como o “Sr. Dakar”. Ao volante do Mini JCW Buggy nº 302, em dupla com o navegador e compatriota Edouard Boulanger, Peterhansel cruzou a linha de chegada da 43ª edição do Dakar com o tempo total de 44h28min11s, com a vantagem de 14min51s sobre a dupla Nasser Al-Attiyah, do Catar, e Matthieu Baumel, da França, com o protótipo Toyota Gazoo Racing com o nº 301. Os campeões do ano passado, os espanhóis Carlos Sainz e Victor Cruz, ficaram em terceiro lugar nesse ano, também com um Mini JCW Buggy, inscrito com o nº 300.
“Estou sobre a lua com a vitória. A pressão foi imensa desde que assumimos a liderança geral da prova. Você pode perder simplesmente perder tudo nessa situação. Mas tenho que dizer que nós guiamos quase um Dakar perfeito, sem quaisquer grandes erros e, mais uma vez, isso foi a chave para o sucesso. As coisas aconteceram perfeitamente entre Edouard e eu, e eu estava satisfeito em tê-lo ao lado. Ele não poderia feito nada melhor”, detalhou Peterhansel.
Dos 286 veículos que participaram da largada, completaram a prova 193 deles, totalizando 63 motos, 49 carros, 41 veículos leves, 11 quadriciclos (quads) e 29 caminhões. Além desses, 19 competidores que tiveram de abandonar a competição se juntaram à classe Dakar Experience, permitindo que continuassem a aventura até o final, mas já desvinculados da classificação.
Na chegada em Jeddah, o argentino Kevin Benavides, com a Honda CRF 450 Rally nº 47, também escreveu seu nome na história do Dakar como o primeiro sul-americano vencedor na categoria motos, com o tempo total de 47h18min14s.
Mostrando que as onze edições do Dakar disputadas pelo continente sul-americano, entre 2009 e 2019, contribuíram substancialmente para a evolução do esporte na região, a Argentina comemorou outro primeiro lugar, conquistado por Manuel Andújar, na classe dos quadriciclos, com um Yamaha Raptor 700, nº 154, totalizando 60h28min29s
Mais uma prova disso é o bicampeonato na categoria dos veículos leves de Francisco “Chaleco” López, em dupla com Juan Pablo Vinagre, ambos do Chile, com um UTV (sigla de Utility Task Vehicle, que é uma mistura de carro e quadriciclo) modelo Can-Am XRS, repetindo o desempenho de 2019.
No pódio dos caminhões, totalmente dominado pela fabricante russa Kamaz, o Dmitry Sotnikov, também da Rússia, venceu pela primeira vez ao lado dos compatriotas Ruslan Akhmadeev e Ilgiz Akhmetzianov, a bordo do modelo 43509 da equipe oficial. Nessa edição do Dakar, a Kamaz conquistou sua 150ª vitória em etapas do rali.
Finalmente, a primeira edição da categoria Dakar Classic, que reuniu veículos produzidos exclusivamente no século 20 para a disputa de uma corrida de consistência, foi vencida pela dupla francesa Marc Douton e Emilien Etienne, com um Buggy Sunhill fabricado em 1979.
Os sete brasileiros inscritos no Dakar 2021 terminaram a prova. A melhor classificação foi conseguida na categoria dos veículos leves pelo navegador Gustavo Gugelmin, em dupla com o piloto estado-unidense Austin Jones, que conquistaram o vice-campeonato com o Can-Am XRS nº 408, ficando a 17min23s do vencedor chileno.
Ainda na categoria dos leves, o experiente Reinaldo Varela, campeão em 2018, ficou com a quinta posição, ao lado do navegador Maykel Justo, a bordo de outro Can-Am XRS, com o nº 404. Varela e Justo chegaram a vencer a primeira etapa do Dakar 2021, mas foram penalizados com acréscimo de um minuto ao tempo final por terem excedido o limite de velocidade em um trecho limitado por radar.
Na categoria dos carros, o melhor resultado foi conseguido pelo também tarimbado Guilherme Spinelli, o Guiga, que, junto com o navegador Youssef Haddad, ficou com a 17ª posição, a bordo do protótipo Mini JCW Rally de nº 335.
O piloto estreante Marcelo Gastaldi, que teve como navegador o também veterano Lourival Roldan, campeão na categoria dos UTVs em 2017, conquistou a 29ª entre os carros, conduzindo o protótipo Century CR6 nº 358.
Com mais este triunfo, Peterhansel adiciona outro capítulo ao seu impressionante recorde no Dakar. Ele agora conta com seis vitórias nas motos (1991, 1992, 1993, 1995, 1997, 1998) e oito na categoria dos carros (2004, 2005, 2007, 2012, 2013, 2016, 2017, 2021). Já a Mini conquistou quatro títulos consecutivos como o protótipo Mini ALL4 Racing, entre 2012 e 2015, e agora o segundo consecutivo com o Mini JCW Buggy, após o título de 2020 de Carlos Sainz – que, apenas por curiosidade, é pai do novo piloto da equipe Ferrari de Fórmula 1.
A nota triste do Dakar 2021 foi a morte do piloto francês Pierre Cherpin, de 52 anos, da categoria das motos, após uma queda com sua Husqvarna 450 na disputa da sétima etapa da prova, no domingo (10). De acordo com a organização do rali, Cherpin morreu a bordo de um avião UTI, provavelmente em decorrência do traumatismo craniano, ao ser transferido da Arábia Saudita até Paris. A morte foi confirmada pela família do piloto pouco antes do final da prova, na sexta-feira (15).
Agora, são 30 os competidores mortos em decorrência de acidentes ao longo dos 42 anos do Dakar. Uma estatística lamentável, mas que faz do momento em que se cruza a linha de chegada do rali mais desafiador e famoso do mundo – independentemente da colocação conquistada – uma vitória para toda a vida.
Fontes: Dakar.com e Mini I Tradução e edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação
*Atualizado em 19.01.2021