Apenas doze meses depois de ter sido exposto como carro conceito no Salão de Genebra, o McLaren Senna GTR está pronto para as pistas. Mais novo Integrante do catálogo Ultimate Series da McLaren Automotive – que inclui os modelos McLaren Senna e McLaren Speedtail – o Senna GTR evoluiu em pontos específicos para combinar a potência de hipercarro e dirigibilidade acessível, com a aerodinâmica e chassi de uma máquina puro-sangue. O resultado é o McLaren mais rápido do que qualquer outro que não seja um Fórmula 1, proporcionando uma experiência de pilotagem inigualável.
O novo GTR leva o McLaren Senna – o modelo “de rua” da marca mais leve, potente e direcionado às pistas – muito adiante em termos de desempenho. Sem as restrições para uso no trânsito, o novo carro da Ultimate Series é ainda mais potente e leve, chega a incríveis 1.000 kg de carga aerodinâmica (downforce) e usa suspensão derivada do programa de corridas GT3 da McLaren.
Apenas 75 unidades do McLaren Senna GTR serão construídas no Centro de Produção da McLaren, localizado em Woking, na Inglaterra, com as primeiras entregas em setembro de 2019. Com preço de 1,1 milhão libras esterlinas (cerca de R$ 5,5 milhões), mais os impostos, todos os carros já estavam reservados apenas algumas semanas após sua primeira exibição em Genebra, no ano passado.
O McLaren Senna GTR é equipado com a versão mais nervosa do motor V8 biturbo de 4 litros da McLaren. A unidade M840TR, com turbocompressores twin-scroll, controlados eletronicamente, produz 825 cv de potência, com torque de 81,5 kgfm. Os 25 cv a mais em relação ao motor do McLaren Senna foram extraídos por meio da recalibragem do gerenciamento eletrônico do motor e pela remoção do catalisador secundário do sistema de exaustão de gases, para reduzir a contrapressão. A eliminação deste componente também modificou o som emitido pelos escapamentos, amplificando a experiência auditiva de dirigir o McLaren Senna GTR.
O peso total de 1.188 kg a seco (sem combustível, líquidos refrigerantes e óleos lubrificantes), proporciona ao Senna GTR a relação peso/potência de 1,44 kg/cv – ou seja, cada cavalo de potência do motor tem de deslocar apenas 1,44 kg – o que supera não apenas o da versão do Senna “comum”, mas todos os outros carros da McLaren Automotive atualmente em produção.
O piloto do McLaren Senna GTR dispõe de três modos de condução: Wet (molhado), Track (pista) e Race (corrida). O novo ajuste Wet, que conta com maior auxílio dos sistemas eletrônicos de controle de estabilidade (ESP) e de antibloqueio dos freios (ABS), é indicado para uso com pneus de chuva. A transmissão, que inclui a função de controle de largada (launch control), usa a mesma e aclamada caixa de câmbio SSG (Seamless Shift Gearbox, ou câmbio com trocas contínuas), de 7 marchas, mais ré, que equipa o McLaren Senna.
A McLaren não divulgou os dados de desempenho do Senna GTR, mas, para se ter ideia, o modelo Senna é o carro de estrada mais rápido de toda a história da fábrica inglesa: acelera zero a 100 km/h em excepcionais 2,8 segundos e atinge velocidade máxima de 340 km/h. E com todas as melhorias e cavalos a mais adicionados, é de se esperar que o Senna GTR apresente números ainda mais impressionantes.
A otimização da eficiência aerodinâmica levou o Senna GTR a níveis surpreendentes de downforce (pressão do ar sobre o carro em movimento), chegando a mais de 1.000 kg, um aumento significativo sobre os 800 kg alcançados pelo McLaren Senna a 250 km/h. A curva de carga aerodinâmica indica que o Senna GTR pode gerar estágios de pressão equivalentes aos do McLaren Senna em velocidades 15% menores, e com menor arrasto. O resultado é ganho a estabilidade em todas as situações e maior aderência do carro sobre o asfalto, seja em curvas de alta velocidade, de baixa ou em frenagens.
A aerodinâmica junto ao assoalho do carro também foi revista. O defletor dianteiro ganhou uma seção central elevada para direcionar o ar sob o carro até o difusor traseiro, também redesenhado, “sugando” ainda mais o GTR contra o solo, de forma atender aos padrões de desempenho mais exigentes na pista. A eficiência do difusor também foi otimizada pelo novo aerofólio traseiro, inspirado no regulamento da LMP1, categoria principal do WEC, o Campeonato Mundial de Endurance.
Em comparação com o conceito Senna GTR apresentado em 2018, a asa apresenta novo perfil e foi deslocada para trás. Esse reposicionamento, livre das restrições de carros de rua, permite que ela seja conectada ao difusor, otimizando o fluxo de ar sobre a traseira do carro.
A aerodinâmica avançada do McLaren Senna GTR emprega a mesma tecnologia inovadora desenvolvida para a Fórmula 1, com a asa traseira ativa, que funciona ora como freio aerodinâmico, ora como sistema de redução de arrasto (DRS, na sigla em inglês). Trabalhando em harmonia com as lâminas dianteiras, ela varia seu ângulo automaticamente, tanto para reduzir o atrito aerodinâmico em velocidades elevadas, quanto, ao contrário, para aumentar a resistência do ar nas frenagens.
Outras mudanças incluem novas entradas de ar nas extremidades do spoiler dianteiro, e os dutos laterais localizados logo abaixo das portas, garantindo um fluxo de ar estável e equilibrado, desde a frente até a traseira do carro, em qualquer velocidade.
Isso otimiza a transferência de peso e a eficiência aerodinâmica, permitindo extrair o maior desempenho possível. E esta é uma das razões pelas quais todo o potencial do McLaren Senna GTR é acessível, segundo a marca britânica.
Inteiramente construída em fibra de carbono, a carroceria do McLaren Senna GTR combina, de forma extrema, o baixo peso com a rigidez torcional. A estrutura central chamada McLaren Monocage III-R é formada por célula de segurança com gaiola integrada. Tal como o McLaren Senna, há um subchassi dianteiro e um chassi de motor, ambos de alumínio. O GTR é 34 mm mais baixo em relação ao Senna de estrada, com 1.195 mm de altura total. E mais largo: a bitola dianteira aumentou em 77 mm para chegar a 1.731 mm, enquanto a traseira foi aumentada em 68 mm, passando para 1.686 mm.
Apesar das bitolas maiores, da carroceria estendida e da introdução de diversos equipamentos de corrida – como macacos pneumáticos, rádio para comunicação com o box, extintores de incêndio e sistema de captação de dados -, o McLaren Senna GTR é 10 kg mais leve que o Senna de estrada. Para isso, muitos itens de conforto foram eliminados, incluindo as telas sensíveis ao toque no painel e o sistema de áudio. Para otimizar o conforto em qualquer condição da pista, o ar-condicionado foi mantido.
O para-brisa e as janelas laterais (com aberturas de correr), são feitos de policarbonato. As portas “tesoura” têm fechamento com amortecedores e são equipadas com mecanismo de destravamento manual. O bocal de reabastecimento de combustível é o mesmo utilizado em corridas. Os elementos aerodinâmicos de fibra de carbono têm acabamento brilhante como padrão. As rodas podem ser pintadas na cor preto ou prata brilhante, ou grafite escuro fosco, e os suportes das portas e das pinças de freio podem ter acabamento em azul, vermelho ou laranja, sem custos adicionais.
Ainda com o foco nas reduções de peso e de complexidade, a suspensão de controle variável do McLaren Senna foi substituída por triângulos, molas, montantes e barras estabilizadoras de alumínio, desenvolvidos a partir da suspensão dos carros GT3. O conjunto é complementado com amortecedores ajustáveis de quatro vias, buchas sólidas e cambagem ajustável.
Livre das regras da categoria GT3, que restringem os carros de corrida às rodas de 18 polegadas, e com os para-lamas alargados, o Senna GTR recebe rodas de 19 polegadas como o Senna, mas com porca central. Forjadas em liga ultraleve (Ultra-Lightweight), elas são também mais largas do que as atuais normas GT3 permitem, co tala 10J, na frente, e 13J na traseira. Os pneus slick Pirelli PZero têm medidas de 285/650 e de 325/705, respectivamente.
As rodas maiores significam freios ainda mais poderosos do que os do McLaren 720S GT3. Derivado do conjunto do McLaren Senna, o sistema de frenagem do GTR é formado por pinças de alumínio forjado com seis pistões, na frente, e de quatro pistões, na traseira; os discos de carbono-cerâmica medem 390 mm de diâmetro e contam com dutos de resfriamento usinados. A função de freio aerodinâmico da asa traseira proporciona a desaceleração máxima 20% maior, comparada à do McLaren Senna.
O conteúdo de segurança inclui – além do ABS, controle de tração e controle dinâmico de estabilidade eletrônico -, o controle de velocidade na pista dos boxes (pit lane), sistemas de monitoramento da pressão e da temperatura dos pneus, sensores de desgaste de pastilhas de freio, tecnologia de limpeza de disco de freio e radar anticolisão.
Pelo fato de ser um carro de competição, o McLaren Senna GTR é disponível apenas com a direção do lado esquerdo. O banco tipo concha, feito em fibra de carbono, tem aprovação da FIA, bem como o cinto de segurança de seis pontos. O assento de passageiro é oferecido como opcional, sem custo. Como convém a um carro exclusivo para as pistas, a cabine não tem airbags, nem sistema de entretenimento e outros sistemas de auxílio ao motorista. Há um acabamento acetinado para os elementos internos de fibra de carbono, as soleiras são cobertas com carpete preto e o teto é revestido com Alcantara (espécie de camurça).
Também o conjunto de instrumentos e o volante da versão de estrada foram substituídos por itens específicos para corridas. A tela do piloto exibe apenas os dados principais e de forma mais simples, com uma linha de LEDs na borda superior para a indicação do momento de mudar a marcha. O sistema de radar anticolisão, usado por carros de endurance de nível superior, avisa a aproximação de um concorrente vindo de trás por meio de LEDs na lateral do habitáculo. E a tela no centro do painel mostra a imagem captada pela câmera montada na parte traseira do carro.
O volante é semelhante ao do carro de GT3 – mas com funcionalidades diferentes para os botões, de acordo com o conceito “de um botão para cada função” adotado no projeto da cabine – e conta com borboletas de mudança de marcha integradas (paddle shifts), ajuste de altura e profundidade, além de sistema de liberação rápida.
Por fim, o Senna GTR vem equipado com um rádio de comunicação do box para o carro e duas câmeras on-board: uma voltada para a frente e outra na cabine. Há botões on-off simples para controle de largada, controle de velocidade no pit Lane e configuração dinâmica de chuva leve. Assim como no McLaren Senna, o botão vermelho de partida do motor é montado no teto – ao alcance de apenas 75 privilegiados pilotos.
Fonte: Mclaren São Paulo I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação