Fórmula 1: há 30 anos, Senna conquistava o bicampeonato no Japão

Bastaram 800 m e nove segundos de prova para que o brasileiro devolvesse a batida recebida de Prost na mesma pista, no ano anterior, e ficasse com o título de 1990

Fórmula 1: há 30 anos, Senna conquistava o bicampeonato no Japão

Pelo terceiro ano consecutivo, Ayrton Senna, da McLaren, e seu ex-companheiro de equipe Alain Prost, agora pela Ferrari, decidiam o título da Fórmula 1 em Suzuka. Senna chegou ao Japão com 78 pontos, nove a mais do que Prost no Mundial de Pilotos. Naquela época, o vencedor da prova levava nove pontos, não 25, como hoje. Para levantar o seu segundo título da Fórmula 1 antes mesmo da última prova na Austrália, duas semanas depois, bastava, então, ao brasileiro torcer para que o francês não ganhasse a corrida na pista japonesa, ou marcar um ponto, pelo menos – com a sexta posição, por exemplo. Ou, ainda,…

Na quarta-feira anterior ao GP, Senna perguntou aos organizadores da prova se poderiam mudar o lado do posicionamento dos pilotos no grid, colocando o lugar de largada do pole-position do lado de fora, e o segundo do lado de dentro, encostado no muro, onde a pista era mais suja e tinha menos aderência. Senna não teve seu pedido aceito, mas, mesmo, assim seguiu trabalhando intensamente nos treinos para sair na primeira colocação.

Ao todo, foram seis vitórias e 11 pódios ao longo da temporada de 1990

No sábado, todo o trabalho da McLaren para garantir a conquista foi focado em dominar a primeira fila do grid de largada. A Ferrari também tinha o mesmo objetivo. Ambas imaginavam que o jogo de equipe possibilitado pelos dois carros da mesma equipe lado a lado na dianteira favoreceria Senna ou Prost.

 

O que aconteceu é que a determinação de parte a parte foi tanta, que nenhuma das duas conseguiu: o brasileiro conquistou a posição de honra de maneira incontestável, com meio segundo de vantagem sobre Prost, enquanto na fila de trás, Nigel Mansell, da Ferrari, dava o troco, fica à frente de Gerhard Berger, companheiro de Senna. Os concorrentes diretos ao título largariam na primeira fila. O espetáculo estava pronto para começar.

Senna tenta retomar a liderança perdida na largada

Mas, o tão esperado duelo não passou de 800 metros e 9 segundos de corrida. Na largada, Prost fez valer a maior aderência dos pneus no lado limpo da pista e pulou na frente. Só que o brasileiro não estava a fim de levar outro desaforo para casa.

Ao ver o francês lhe fechar a porta na primeira curva, quando tentava retomar a liderança, Senna simplesmente não aliviou o pé do acelerador do quase imbatível McLaren-Honda MP4/5 e atingiu no meio a belíssima e não menos veloz Ferrari 641 do francês , fazendo com que ambos saíssem em linha reta pela área de escape, com as suspensões e asas dos dois carros em pedaços. Relembre como foi a decisão do título de 1990:

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=4FlCxD5-GqQ&feature=emb_logo

Estava devolvida a batida semelhante provocada por Prost no ano anterior, naquele mesmo circuito, quando ambos dividiam os carros vermelho e branco, o que garantiu o terceiro título do francês – apesar de Senna ter voltado à pista, trocado o bico do carro e vencido a prova. Mas, por uma decisão nos bastidores, o brasileiro foi desclassificado por ter recebido ajuda dos fiscais de pista para retornar, passando pela área de escape. O episódio que havia ficado atravessado na garganta durante um ano inteiro estava, enfim, restituído por Senna.

Quando a poeira baixou naquele início de tarde de 21 de outubro de 1990, Ayrton Senna virou as costas para o oponente, já como o novo bicampeão do mundo. Para Senna, a batida não teve qualquer aspecto anormal. “No ano passado eu perdi o título em uma batida. Esse ano eu ganhei. A única diferença é que foi no começo da prova”, declarou aos jornalistas.

Senna tinha 30 anos quando conquistou o seu segundo título na F1

Perguntado se era desagradável ser campeão sem ter ido ao pódio na prova decisiva, Ayrton foi enfático: “Eu fui para o pódio mais vezes do que qualquer outro piloto nesta temporada”. Para completar a grande festa brasileira do dia, Nelson Piquet venceu a corrida e Roberto Moreno foi o segundo, em dobradinha da Benetton e a última do Brasil na Fórmula 1.

Aquele era o GP de número 109 da carreira de Ayrton, que se sagrava bicampeão com 30 anos de idade. Foi a coroação de uma temporada incrível e constante. Ayrton venceu seis vezes e subiu no pódio em 11 das 16 etapas do ano.

Fonte: Portal Ayrton Senna I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação

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