McLaren Special Operations (MSO), departamento de customização da fabricante britânica de superesportivos, acaba de revelar cinco unidades ainda mais exclusivas do McLaren Senna GTR, criados em comemoração aos 25 anos da histórica participação dos McLaren-BMW F1 GTR na edição de 1995 da 24 Horas de Le Mans, em uma atuação surpreendente que culminou com o ponto mais alto do pódio na classificação geral. Uma conquista inesquecível, visto que aquela foi a estreia da McLaren na mais famosa prova de resistência do automobilismo mundial, e apenas três anos depois do lançamento do McLaren-BMW F1 feito para as ruas.
Nomeados como McLaren Senna GTR LM, cada um dos cinco carros foi projetado e trabalhado para homenagear, individualmente, os cinco F1 GTR que terminaram a corrida. Na ocasião, eles cruzaram a linha de chegada na 1ª, 3ª, 4ª, 5ª e 13ª posições.
Os cinco carros receberam pinturas personalizadas, feitas à mão, que reproduz ou presta homenagem ao design de cada um dos F1 GTR de 1995. A atenção aos detalhes foi tamanha que cada McLaren Senna GTR LM demandou pelo menos 800 horas para ser pintado – e, em determinados casos, até mais do que isso, segundo a fabricante. Além do poder visual das pinturas e dos detalhes, cada McLaren Senna GTR LM possui um portfólio de recursos exclusivos e aprimoramentos técnicos que o colocam acima do já excepcional carro de pista do qual deriva: o McLaren Senna GTR, criado para refletir a atitude do tricampeão nas pistas.
“Os carros incríveis da coleção McLaren Senna GTR LM são uma forma excepcionalmente adequada de comemorar o 25º aniversário da nossa vitória em Le Mans em 1995”, comenta Mike Flewitt, CEO da McLaren Automotive.
“Essa conquista é amplamente reconhecida como uma das maiores performances em corrida de endurance de todos os tempos, mas para a McLaren sua importância foi ainda maior, porque demonstrou uma conexão imediata e inegável entre o DNA de corrida de nossa marca e o início de nossa jornada de carros de rua”, orgulha-se o executivo.
Cada detalhe pintado nos carros foi concluído artesanalmente na MSO. Permissões especiais foram concedidas por proprietários de marcas como Gulf e Harrods e pelo ACO (Automobile Club de l’Ouest, organizador da 24 Horas de Le Mans) para recriar logotipos e marcas registradas. O teto de cada carro ainda apresenta um adesivo de verificação pelos comissários de pista autenticamente recriado.
A identificação entre cada McLaren Senna GTR LM e seu F1 GTR homenageado é ainda mais autêntica com a fixação de uma placa dedicatória na superfície interna do chassi de fibra de carbono, atestando a originalidade de cada carro e o número de chassi do modelo de 1995.
Os McLaren Senns GTR também usa uma dedicação gravada ao seu “gêmeo” de Le Mans, incluindo a data da corrida, os nomes dos três pilotos naquele carro e a posição em que receberam a bandeira quadriculada.
De acordo com a McLaren, as melhorias no motor M840TQ, de oito cilindros em V, biturbo, com 4 litros de cilindrada, que empurra o GTR incluem retentores de mola de válvula feitos de composto de matriz de metal (MMC, metal matrix composite) para fornecer uma redução de peso de 65%, aço de alto grau para as molas de válvula e cabeçotes em CNC polidos à mão.
A recalibração da eletrônica do trem de força libera potência de 845 cv – que representa o aumento de 20 CV em relação ao McLaren Senna GTR de rua – e características revisadas que fornecem mais torque em baixas rotações e empurram o início da faixa vermelha para mais próximo dos 9.000 giros, ganho significativo em relação ao limite “suave” de 8.250 rpm da configuração regular.
O sistema de escapamento Inconel do GTR, que sai da tampa traseira, logo traseiro abaixo do imenso aerofólio, foi aprimorado pela adição de tubos de saída dupla, especialmente projetados para o LM.
A fabricante de rodas especiais OZ Racing, que forneceu esses componentes para o McLaren-BMW F1 GTR, criou um design de roda GTR LM de cinco raios sob medida. Pinças de freio com acabamento em ouro acetinado são outra referência ao F1 e os braços da suspensão estão em uma versão anodizada da mesma cor.
Além disso, o McLaren GTR foi retrabalhado para ser capaz de gerar mais de 1.000 kg de carga aerodinâmica, aprimorando o propósito inicial do projeto revelado em 2018, que era o de apresentar a melhor relação peso-potência de qualquer McLaren produzido até então, com exceção aos monopostos de Fórmula 1.
Internamente, os recursos exclusivos do LM incluem volante de corrida com borboletas de troca de marchas (shift paddles) e botões de controle em dourado anodizado (em alusão ao revestimento feito de ouro puro do compartimento do motor do McLaren F1, para refletir com maior eficiência o calor gerado pelo BMW V-12 ), pedais de nitreto de titânio com logotipos LM e alças de couro nas portas, no lugar de maçanetas.
Os bancos de corrida leves de fibra de carbono complementados por bordados de encosto de cabeça feitos sob medida e cintos de corrida MSO de seis pontos em preto com revestimento na cor da carroceria.
“Queríamos fazer uma declaração importante com esta coleção”, explica Ansar Ali, Diretor da McLaren Special Operations. “Ao criar esses carros incríveis de acordo com os requisitos de alguns de nossos clientes mais exigentes, estamos exibindo a surpreendente gama de talentos que temos dentro da MSO − uma equipe que pode visualizar, projetar, produzir e entregar produtos que realmente são capazes de tirar o fôlego.”
Um desses grupos de interesse é o próprio circuito de Le Mans, por meio do ACO. O famoso clube de corridas ajudou a proporcionar uma oportunidade de tirar o fôlego para os cinco proprietários de GTR LM. Cada um terá direito a uma visita VIP à 24 Horas de Le Mans, com a chance de dirigir seus próprios GTR LM no circuito na manhã da corrida, acompanhados pelos F1 GTR originais que competiram em 1995.
“A pandemia da COVID-19 fez com que tivéssemos que adiar essa oportunidade para 2021”, diz Ansar Ali. “Mas cada um dos proprietários desses carros ainda poderá desfrutar de uma experiência sem precedentes, que reflete a jornada única que a MSO é capaz de oferecer a seus clientes.”
Conheça em detalhes os cinco ícones recriados:
- McLaren Senna GTR LM 825/1
Homenagem ao McLaren F1/01R, frequentemente chamado de “carro Ueno Clinic” e vencedor absoluto da 24 Horas de Le Mans de 1995. Inscrito pela equipe britânica Kokusai Kaihatsu Racing com o número 59, o carro foi conduzido pelo francês Yannick Dalmas (ex-piloto de F1 e duas vezes vencedor em Le Mans), pelo veterano japonês Masanori Sekiya e pelo finlandês J. J. Lehto, (que também passou pela F1).
A corrida foi uma das mais chuvosas da história da mítica prova, o que jogou a favor da confiabilidade do McLaren F1 e, também, da habilidade dos pilotos − especialmente Lehto, que foi tão rápido na chuva que sua equipe tentou convencê-lo a diminuir o ritmo.
A pintura cinza carvão com o nome do patrocinador japonês Ueno Clinic não foi amplamente reconhecida na época, mas depois se tornou lendária. A equipe da MSO a recriou fielmente no McLaren Senna GTR LM, combinando com precisão a cor em um novo tom denominado Ueno Grey − um tributo adequado às conquistas do carro e, claro, de seus três pilotos.
Este carro foi reproduzido de forma autêntica a partir do F1 GTR campeão, replicando todos os detalhes do carro 59, até mesmo a recriação dos faróis exclusivos, que foram encomendadas pelo proprietário do GTR LM. As imagens mostradas aqui, porém, cedidas pela Mclaren, foram feitas antes da instalação dos faróis customizados no McLaren Senna GTR LM 825/1.
As rodas OZ Racing têm acabamento em cinza, completando o visual ameaçador que, mesmo 25 anos após a bandeira a conquista, ainda causa calafrios na espinha dos fãs de corridas.
2. McLaren Senna GTR LM 825/6
Homenagem ao McLaren F1/06R, o “carro Harrods”. O carro número 51, pilotado por uma tripulação totalmente britânica formada por Andy Wallace, Derek Bell e Justin Bell, poderia muito bem ter vencido se não tivesse sofrido uma pane na transmissão do carro, a duas horas da bandeirada, o que obrigou Wallace a ter que poupar o equipamento para terminar em terceiro lugar.
A famosa pintura amarela com listras verdes tem o nome da Harrods, icônica loja de departamentos de Londres − e essa relação de prestígio foi reunida para o GTR LM.
Embora as cores tenham sido usadas novamente por outro McLaren depois da corrida de 1995 (um McLaren P1 GTR recebeu essa pintura, em 2015), esta é a primeira vez que o famoso logotipo da Harrods foi visto em um esportivo da marca britânica desde a festejada corrida em Le Mans. Naquela ocasião, o F1 GTR foi inscrito pela equipe Harrods Mach One Racing, um nome de fantasia da tradicional equipe David Price Racing.
A equipe de pintura da MSO usou uma cor viva chamada amarelo solar para a carroceria do carro, e a faixa larga característica é aplicada em verde heritage (herança), sombreada por uma listra verde e detalhes na mesma cor dentro do difusor aerodinâmico dianteiro.
3. McLaren Senna GTR LM 825/2
Uma homenagem ao McLaren F1/02R, o “carro Gulf” inscrito pela GTC Gulf Racing. O brasileiro Maurizio Sandro Sala se juntou aos britânicos Mark Blundell e Ray Bellm ao volante do McLaren F1 GTR para 291 voltas sob chuva em La Sarthe em 1995. Terminaram em quarto lugar.
O carro número 24 tinha indiscutivelmente a pintura mais icônica de todos. O azul Gulf Racing, perfeitamente reimaginado aqui pela MSO como Azul Gulf 95, se encaixa perfeitamente no McLaren Senna GTR LM.
Sua listra na cor “Laranja Gulf 95” traça o difusor traseiro e a forma imponente das laterais estilo LMP1 da asa traseira acompanha o peitoril inferior e se une na frente com lâminas em laranja no divisor dianteiro.
As rodas OZ Racing, com acabamento em laranja, combinam com o tema, enquanto as soleiras inferiores e a faixa do teto são pintadas em “Prata Gulf 95”. O logotipo verdadeiro da Gulf Oil aparece no capô e nas portas, e um toque final é fornecido pela assinatura “Ayrton Senna” reproduzida na parte traseira da carroceria.
4. McLaren Senna GTR LM 825/7
Uma homenagem ao McLaren F1/07R, o “carro Jacadi”. Foi inscrito com o número 50 pela equipe francesa Giroix Racing. Dois pilotos franceses, Fabien Giroix e Olivier Grouillard, juntaram-se ao suíço Jean-Denis Deletraz para levar o carro ao quinto lugar, apenas uma volta atrás do carro da Gulf.
A inconfundível decoração azul royal tem orgulhosamente o tema francês e foi preservada pelo novo proprietário do McLaren Senna GTR LM com a especificação de uma cor surpreendentemente brilhante chamada azul Le Mans para a carroceria do carro.
Ela parece particularmente impressionante no enorme difusor traseiro do GTR LM.
Esse azul é complementado por um azul metálico chamado “Polaris” e pelo uso de logotipos Elf autênticos pertencentes à companhia petrolífera francesa que patrocinou o carro de corrida de 1995. Este é o único dos cinco carros a ostentar a bandeira tricolor francesa.
5. McLaren Senna GTR LM 825/5
Homenagem ao McLaren F1/05R, o “carro Cesar”. Exibindo o design de pintura mais intrincado de todos os McLaren F1 GTR que correram em 1995, o carro número 42 terminou na 13ª posição, completando o rol de honra dos finalistas da McLaren.
Inscrito pela equipe francesa Société BBA, este carro marcante foi conduzido por uma tripulação totalmente francesa formada por Jean-Luc Maury-Laribiere, Marc Sourd e Hervé Poulin. Maury-Laribiere e Poulain foram pioneiros dos “carros artísticos” e pediram ao renomado artista Cesar Baldaccini para imaginar uma pintura para o F1 GTR que eles iriam correr em Le Mans.
Experiente piloto de endurance, Poulain possui uma bela coleção de troféus conquistados em corrida. Ela foi a inspiração para o trabalho de Cesar na McLaren. O McLaren Senna GTR LM 825/5 é uma reinterpretação moderna da pintura, acrescentando novos elementos como tempo de volta da pole position, troféus de corrida contemporâneos e referências à marca Le Mans.
Fruto de um trabalho extremamente complexo, produzido com muitas técnicas (incluindo extensa aerografia), este foi o carro que mais demorou para ser pintado, a ponto de a MSO parar de registrar o tempo gasto. Como estimativa, milhares de horas de trabalho foram necessárias para terminar o projeto com um padrão exemplar que agora é tão evidente.
Todos os cinco McLaren Senna GTR LMs já foram concluídos e serão entregues aos proprietários nos Estados Unidos e na Europa. Como acontece com todas as encomendas sob medida criadas pela MSO, seu valor permanece não revelado, a menos que os proprietários decidam compartilhar esses detalhes.
McLaren-BMW F1
O McLaren-BMW F1 GTR foi desenvolvido a partir do modelo de três lugares projetado pelo gênio sul-africano Gordon Murray, projetista responsável por alguns dos carros mais vencedores da Fórmula 1, como os Brabham dos dois primeiros títulos de Nelson Piquet, em 1981 e 1983, e o McLaren do primeiro campeonato conquistado por Ayrton Senna, em 1988.
O McLaren F1 GTR era equipado com o motor BMW V-12, de 6,1 litros, naturalmente aspirado, que despejava 608 cv no eixo traseiro. Em 1998, a McLaren recrutou Andy Wallace – que depois do segundo lugar em 1995, voltara a pilotar o F1 GTR em Le Mans, dois anos depois – para estabelecer o novo recorde de velocidade para um carro de motor aspirado.
Levado no dia 31 de março daquele ano para na pista de testes da Volkswagen em Ehra-Lessien, no norte da Alemanha, que possui um retão de 8,7 km, o McLaren F1 registrou a média de 386,3 km/h entre as duas passagens, estabelecendo o novo recorde, sendo a melhor delas em 391 km/h.
Veja como foi o teste gravado pela câmera onboard e divulgado pela McLaren apenas em 2017:
Fonte: McLaren São Paulo I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação