No último dia 30 de outubro foram completados trinta anos desde o primeiro título de Ayrton Senna na Fórmula Um, conquistado no GP do Japão, em Suzuka. Motivo suficiente para que um colecionador da McLaren e fã do tricampeão encomendasse à marca inglesa de superesportivos uma edição especial do modelo P1 GTR.
Batizado como “Beco” – apelido de Senna em família –, o P1 GTR foi retrabalhado durante três pelo grupo McLaren Special Operations – responsável pela personalização de fábrica dos modelos -, seguindo as especificações e a supervisão do próprio cliente.
A edição especial conta com uma especificação exclusiva do motor a combustão, de 3,8 litros, biturbo, que tem parte do seu compartimento revestido em ouro, para impedir que o calor passe para a cabine. Em conjunto com o trem-de-força elétrico original do P1, ele entrega um considerável (mas não revelado) salto de potência em relação aos 903 cv combinados (combustão + elétrico) do P1 GTR. A transmissão usa o mesmo câmbio sequencial de sete velocidades, com dupla embreagem e tração traseira.
Por conta disso, é razoável esperar que o desempenho dessa versão especial seja ainda mais brutal do que o P1 de fábrica, capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 2,8 segundos e atingir a velocidade máxima de 320 km/h.
A fim de manter o carro colado ao asfalto, as modificações externas da carroceria – inteiramente construída em fibra de carbono – exigiram um programa de aerodinâmica integral. Foram incluídos novos spoilers e defletores dianteiros, além de apêndices laterais. Como resultado, a pressão aerodinâmica gerada (downforce) subiu de 600 kg para perto de 800 kg, no modo race (corrida).
O aerofólio traseiro também passou por revisão, adotando uma aba vertical (gurney) mais acentuada na borda posterior, aumento da área dos difusores laterais (endplates) e um par de miniasas secundárias posicionadas abaixo da principal.
O trabalho de pintura levou 800 horas para ser completado e espelha o padrão visual em branco e vermelho da marca de cigarros que patrocinou a McLaren durante duas décadas, inclusive durante a passagem do brasileiro pela equipe.
As laterais do carro exibem o logotipo da marca Senna, a bandeira do Brasil e o código de barras associado ao patrocinador – um modo de contornar, na época, as restrições à publicidade do tabaco que começavam a ser adotadas em todo o mundo.
Na parte frontal do capô se destaca o nº 12, o mesmo visto no MP4/4 pilotado por Ayrton naquela excepcional temporada de 1988, na qual conquistou oito vitórias – uma a mais que seu companheiro de equipe, Alain Prost. Juntos, eles venceram 15 das 16 etapas do ano.
Do lado de dentro, o acabamento espartano é revestido com Alcântara (espécie de camurça) em cores combinadas. Em uma das portas se lê a seguinte frase de Senna, traduzida do inglês: “Eu não fui desenhado para chegar em segundo ou terceiro… Fui desenhado para vencer.”
Seja pelo desempenho assombroso ou pelo design particularmente original, este P1 GTR único poderia perfeitamente representar o tributo oficial da Mclaren ao seu maior piloto de todos os tempos, caso ela mesma já não tivesse construído um modelo inteiramente novo para homenageá-lo, o Senna, apresentado ao público brasileiro no Salão do Automóvel deste ano.
O proprietário desta edição especial não teve o nome divulgado, nem o quanto pagou para expressar sua admiração pelo ídolo. No entanto, levando-se em conta que o preço “de tabela” da versão de pista do P1, em 2016, era de 1,98 milhão de libras – o que, hoje, pode ser arredondado para R$ 10 milhões, sem contar a personalização – é possível afirmar que, além de merecida, se trata de uma caríssima homenagem ao tricampeão, em todos os sentidos.
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