Imsa: Bourdais vence com ajuda dos “deuses das corridas” em Sebring

Francês triunfou mesmo com a asa traseira do Cadillac DPi danificada, ao lado de Duval e Vautier. Brasileiros Derani e Nasr largaram da pole, mas saíram por quebra

Imsa: Bourdais vence com ajuda dos “deuses das corridas” em Sebring

Depois de enfrentar dois dias de dificuldades nos treinos para encontrar a velocidade no Cadillac DPi-V.R nº 5, da equipe JDC-Miller Motorsports, e sem contar com estabilidade da asa traseira no final da corrida, o francês Sebastien Bourdais, enfim, encontrou o ritmo suficiente no sábado à noite para conquistar uma vitória improvável na 69ª edição da 12 Horas de Sebring. A prova válida como a segunda etapa da temporada de 2021 da Imsa (International Motor Sports Association) foi disputada neste final de semana, na Flórida (EUA).

Quando percebeu a instabilidade aerodinâmica provocada pelo dano no aerofólio, logo após a relargada para os 19 minutos finais de corrida, Bourdais procurou manter a distância suficiente à frente do pelotão. Dessa forma, mesmo com o carro danificado, ele fechou a 349ª e última volta a 1,4 segundo de vantagem sobre o segundo colocado, o Mazda DPi RT24-P da equipe de fábrica, pilotado por Harry Tincknell, conquistando a vitória em uma das mais tradicionais provas de endurance do mundo.

Foi a primeira vitória da equipe JDC-Miller Motorsports em Sebring

“Eu realmente tive sorte de não ter ‘enchido’ o muro na curva 17 antes de fazer os ajustes”, admitiu Bourdais, nascido em Le Mans, cidadela medieval no noroeste da França famosa mundialmente por sediar a principal e quase centenária corrida de longa duração do planeta.

“Essa foi por muito, muito pouco. Ao mesmo tempo, felizmente eu tinha uma distância suficiente que ele (Tincknell) não teria como me passar pelo tempo que eu estava conseguindo. Eu não sabia que era a asa traseira até descer do carro, mas eu sabia que algo tinha acontecido aerodinamicamente.”

Mazda DPi RT24-P, o segundo colocado na prova

Com o Cadillac nº 5 fora das melhores condições e, repentinamente, dois segundos mais lento por volta, a confortável liderança de Bourdais sobre Tincknell foi dissolvida com a perseguição parachoque com parachoque nas últimas voltas pelo circuito de seis quilômetros de extensão e 17 curvas. Tincknell ameaçou tomar a liderança por várias vezes, mas Bourdais resistiu bravamente até o final.

“A cada curva que se aproximava, eu me perguntava ‘Cara, como vou fazer essa’”, disse o francês de 42 anos. “A parede lateral (da asa quebrada) fez o carro ficar extremamente mais lento na reta, também. Estava bem difícil passar por ali”, revelou o vencedor.

Vencedor: Cadillac DPi-V.R nº 5, da equipe JDC-Miller Motorsports

“Eu não sei. Às vezes com os deuses das corridas, você não sabe o que está acontecendo. Você apenas continua acelerando. Esta foi uma das mais improváveis situações que eu já vivi e como parte de algo que acabou bem.”

Em razão dos líderes anteriores terem ficado pelo caminho por causa de acidentes ou problemas mecânicos durante o curso das 11 primeiras horas, Bourdais e seus companheiros, Loic Duval e Tristan Vautier, colocaram o carro da JDC-Miller Motorsports na frente já perto do final da corrida. O Cadillac nº 5 liderou apenas 28 voltas (todas elas durante os 31 últimos giros da corrida), com Bourdais acossado por Tincknell, que teve como companheiros de equipe Oliver Jarvis e Jonathan Bomarito.

Oreca LMP2 07 nº 52, campeão na classe Le Mans Prototype 2

Enquanto a equipe JDC-Miller MotorSports celebrou sua dupla e inédita vitória geral e na categoria principal, a DPi (Daytona Prototype International), duas equipes conquistaram vitórias dominantes nas outras classes de protótipos.

Mikkel Jensen, Ben Keating e Scott Huffaker conduziram o Oreca LMP2 07 nº 52 da Mathasen Motorsports à vitória na categoria Le Mans Prototype 2, enquanto Colin Brasun, George Kurtz e Jon Bennett dividiram o volante do Ligier JS P320 até a vitória na classe LMP3.

Cadillac DPi-V.R de Dixon bateu quando estava na liderança e terminou em quinto

O Cadillac de Bourdais se colocou na condição de vitória após a colisão entre o Cadillac DPi-V.R nº 1 pilotado por Scott Dixon, da equipe Chip Ganassi, que se dirigia para o box com uma folgada liderança da prova naquele momento, e o BMW M8 GTE de Connor de Phillippi, do time oficial alemão.

O carro de Dixon retornou à corrida, terminando na quinta posição na classificação geral e na categoria, ao passo que o BMW ainda garantiu a nona posição geral e a segunda na categoria Grã Turismo Le Mans (Gtlm).

Pagenaud foi penalizado por exceder tempo ao volante e caiu para último lugar da classe DPi

Kamui Kobaiashi, com o Cadillac DPi V.R nº 48, da Action Express Racing, pilotado também por Jimmie Johnson e Simon Pagenaud, desafiou Ticknell durante as voltas finais. No entanto, por causa de Pagenaud ter excedido o tempo limite de quatro horas no período de seis horas ao volante, o carro foi penalizado com última posição da categoria.

Isso fez com que o terceiro degrau do pódio da classe principal (DPi) fosse ocupado pelo trio do Acura ARX-05, da equipe Meyer Shank Racing, formado por Dane Cameron, Olivier Pla e Juan Pablo Montoya.

Acura ARX-05 da Meyer Shank Racing, pilotado por Cameron, Pla e Montoya, foi o terceiro

Ao final, porém, a vitória improvável coube à equipe que teve muita dificuldade devido à falta de velocidade do carro durante os treinos, o que foi mantido na última parte da corrida com a quebra do aerofólio.

“Isso era um tipo de dívida, porque nós lideramos tantas voltas no ano passado e as coisas não aconteceram a nosso favor”, disse Vautier, que venceu em Sebring pela primeira vez, depois de duas pole-positions. “Hoje, as estrelas se alinharam.

Farfus foi o melhor brasileiro na prova, levando o BMW M8 GTE ao terceiro lugar na classe

Entre os brasileiros, a melhor colocação foi conquistada por Augusto Farfus, que levou o BMW M8 GTE, à terceira posição da classe Grã Turismo Le Mans (Gtlm) e 10ª na geral, com 333 voltas completadas, ao lado dos companheiros John Edwards e Jesse Krohn.

Bia Figueiredo integrou trio feminino do Porsche 911 GT3R

De volta às pistas, Bia Figueiredo dividiu o volante do Porsche 911 GT3R com outras duas mulheres, Katherine Legge e Christina Nielsen, conquistando a quinta posição na classe GTD (Grã Turismo Daytona) e 22ª na geral, com 320 voltas.

Cadillac DPi-V.R nº 31 de Nasr, Derani e Conway largou da pole, mas teve problema de câmbio

A maior decepção, no entanto, ficou para os campeões da prova em 2020, Felipe Nasr e Pipo Derani, da equipe Whelen Engineering. Depois de dominar os treinos livres e Derani – que tentava seu quarto título em Sebring – garantir a pole position para esta 69ª edição, o Cadillac DPi-V.R nº 31 teve de deixar a corrida a menos de uma hora do final, quando era conduzido pelo britânico Mike Conway, terceiro piloto do time, por causa de um problema no câmbio.

Antes disso, o carro esteve envolvido em dois incidentes que fizeram com que a equipe perdesse muitas voltas para reparos no box: o primeiro com Derani ao volante e o segundo com Nasr, esse penalizado com uma passagem pelo pit lane (drive thru). Com isso, eles completaram 292 voltas, conquistando a 27ª posição na geral e a sexta na categoria DPi.

Largada da 69ª edição da 12 Horas de Sebring aconteceu na tarde de sábado

A terceira etapa da temporada 2021 da Imsa acontecerá nos dias 14 a 16 de maio, no circuito de Mid-Ohio, ao norte dos Estados Unidos.

Fonte: Imsa I Tradução e edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação

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