MERCEDES-BENZ W 196 R STROMLINIENWAGEN: O F1 MAIS CARO DA HISTÓRIA

Único modelo de rodas cobertas a disputar o Mundial, carro revolucionário guiado por Fangio e Moss faz parte da primeira e gloriosa geração dos "Flechas de Prata"

Mercedes-Benz W 196 R Grand-Prix-Rennwagen mit der Fahrgestellnummer 9. Eingesetzt mit Stromlinienkarosserie im Großen Preis von Italien in Monza am 11. September 1955. Gefahren von Stirling Moss mit der Startnummer 16. Foto in einer Steilkurve der Rennstrecke von Monza. (Fotosignatur der Mercedes-Benz Classic Archive: R7986) Mercedes-Benz W 196 R Grand Prix racing car, chassis number 9, entered with Streamliner-bodywork in the Italian Grand Prix in Monza on 11 September 1955, driven by Stirling Moss with starting number 16, photo taken in a banked curve on the Monza race track. (Photo signature of the Mercedes-Benz Classic Archives: R7986)

MERCEDES-BENZ W 196 R STROMLINIENWAGEN I O exemplar de um dos carros de corrida mais marcantes do mundo – o único com rodas cobertas a alinhar no grid da Fórmula 1 em seus quase 75 anos de história – foi vendido no dia 1º de fevereiro, em leilão promovido pela britânica RM Sotheby’s no Museu Mercedes-Benz, em Stuttgart, na Alemanha.

Construído no início de 1954, o Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen – ou “carro de linhas aerodinâmicas”, traduzido do alemão – com número de chassi 00009/54, participou de duas temporadas da categoria de topo, nas mãos competentes do argentino Juan Manuel Fangio, que viria se tornar pentacampeão mundial, e do britânico Stirling Moss, um dos pilotos mais talentosos e marcantes nascidos no Reino Unido.

Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen
Modelo foi arrematado por R$ 370 milhões no leilão em Stuttgart

Em 1965, o exemplar do Stromlinienwagen foi doado pela Mercedes-Benz ao Museu Indianapolis Motor Speedway (IMS), um anexo do lendário circuito oval, onde foi cuidadosamente mantido ao longo de seis décadas.

Agora, com objetivo de possibilitar novos investimentos na coleção e na restauração do espaço, o carro foi oferecido para venda, em estreita colaboração com a Mercedes-Benz Classic (responsável pela preservação do patrimônio cultural da marca), junto de uma coleção excepcional de 11 carros do IMS.

Inédito em leilão, o Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen atraiu o interesse de colecionadores conceituados do mundo todo, alvo de uma acirrada batalha de lances presenciais e por telefone, antes que o martelo fosse batido.

 

Ao final do pregão, o carro foi arrematado por € 46.500.000; porém, somada a comissão de 10% cobrada pelo leiloeiro e paga pelo comprador, o valor total de venda do Stromlinienwagen saltou para € 51.155.000 – ou R$ 370,3 milhões, traduzindo para nossa moeda -. Isso faz dele o carro de Grande Prêmio mais valioso negociado em leilão. O autor da oferta vencedora, feita pelo celular, não teve sua identidade revelada.

A venda do W 196 R ocorreu na mesma sala onde foi negociado o Mercedes-Benz 300 SLR “Uhlenhaut Coupé, arrematado em 2022 por € 135.000.000 (R$ 917,9 milhões) – o automóvel mais valioso já vendido em leilão.

PARALAMAS DO SUCESSO

Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen
Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen

Poucos carros de corrida marcaram tão fortemente a história do automobilismo quanto os famosos Mercedes-Benz Silver Arrows. Caracterizados pela ausência de pintura para economizar peso (daí a aparência metalizada da carroceria) e tecnologias avançadas, as “Flechas de Prata” dominaram com sua velocidade espetacular as corridas de Grand Prix – categoria de monopostos precursora da Fórmula 1 -, nas eras imediatamente anterior e posterior à 2ª Guerra.

Protagonista nessa esquadra vencedora, o W 196 R foi desenhado a rigor para atender ao novo regulamento de até 2,5 litros de cilindrada, adotado a partir de 1954 na F1. Assim, modelo trazia sob o longo capô dianteiro um motor de oito cilindros em linha, com  2.494 cm³ de deslocamento, injeção de combustível (já naquela época) e virabrequim roletado.

Após duas temporadas de desenvolvimento, a unidade era capaz de gerar a potência de 290 cavalos, fornecida de forma confiável e suave.

Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen
Chassi 00009/54 foi perfeitamente preservado pelo Museu de Indianápolis

Como as novas regras da categoria especificavam poucas limitações para a carroceria, os engenheiros da equipe da estrela de três pontas concluíram que um conceito radicalmente aerodinâmico, com rodas cobertas e linhas completamente fluidas (ou streamliner, em inglês), otimizaria a velocidade em percursos de alta velocidade, enquanto uma versão convencional, com as rodas expostas, seria mais apropriada para pistas sinuosas.

Muito esperada pelos concorrentes e fãs das corridas, a estreia dos novos bólidos da Mercedes-Benz aconteceu no Grande Prêmio da França, no circuito de Reims, com três inéditos e reluzentes W 196 R streamliners.

Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen
Estreia do W 196 R Stromlinienwagen em Reims, na França

Cortando o vento como faca quente na manteiga, as Flechas de Prata levaram a Mercedes-Benz a um resultado incontestável em seu tão esperado retorno às pistas: a trinca de pilotos formada por Fangio, Karl Kling e Hans Herrmann ficou em 1º, 2º e 7º, com Herrmann registrando a volta mais rápida da corrida.

Ao final do Mundial de Fórmula 1 de 1954, alternando as duas variações do W 196 R, Fangio faturou o segundo de seus cinco títulos na categoria – três anos depois de vencer o primeiro, com a Maserati.

 LIDERANÇA EM EVOLUÇÃO

Mercedes-Benz W 196 R
Fangio conquistou dois de seus cinco títulos ao volante do W 196 R

Sem se deitar sobre os louros da vitória, a Mercedes aperfeiçoou o W 196 R para a temporada de 1955. Foi decidido que as carrocerias de roda aberta seriam utilizadas em quase todas as corridas do calendário, uma vez que, junto de outras atualizações, o carro ficou quase 70 kg mais leve. Para o cockpit, a Mercedes trouxe Stirling Moss para se juntar ao time de pilotos.

O Grande Prêmio de Fórmula Libre Buenos Aires, disputado em 30 de janeiro, marcou a estreia do chassi 00009/54, equipado com carroceria de roda aberta e pilotado por Juan Manuel Fangio. Correndo em casa, o argentino conquistou a pole position e venceu a corrida disputada em duas baterias.

Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen
Stirling Moss cortando o vento na bancada de Monza, em 1955

Naquele mesmo ano, o circuito italiano de Monza foi reformado e passou a contar com uma nova curva de alta velocidade com bancada inclinada, que se tornaria um altar sagrado do automobilismo. Por essa razão, a Mercedes definiu que, para o Grande Prêmio da Itália, o chassi número 00009/54 deveria ser equipado com a carroceria aerodinâmica pela primeira vez na temporada e confiado a Moss.

Fangio garantiu a pole position num carro semelhante, tendo o companheiro de equipe britânico ao seu lado no grid, em segundo. Na corrida, Moss assumiu a liderança do argentino na nona volta, mas acabou terminando em 7º, após enfrentar problemas mecânicos. Contudo, o inglês teve tempo de registrar a volta mais rápida da prova, com o tempo de 2:46.900, à velocidade média de 215,7 km/h.

O campeonato terminou com Fangio conquistando seu segundo título de pilotos consecutivo pela Mercedes, com Moss na vice-liderança, selando o status de lenda do W 196 R na F1.

Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen
Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen

O pedigree do W 196 R era agora incontestável. Em duas temporadas, a família de modelos W 196 ganhou três campeonatos em duas categorias de corrida diferentes. Em 12 aparições em eventos válidos pelo Mundial de F1, o W 196 R ganhou nove vezes, e ganhou duas corridas extraoficiais, totalizando 11 vitórias em 14 largadas. ♦ 


UNIVERSO MOTOR I Redação

Edição: Fábio Ometto I Fonte: Mercedes-Benz Global I Imagens: Divulgação

Conteúdo produzido com auxílio do Google

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