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DUCATI MONSTER SENNA: HOMENAGEM NAS CORES DO TRICAMPEÃO

Corridas estão em meu sangue”. A célebre frase de Ayrton Senna, citada originalmente em inglês, define o espírito aguerrido da nova edição especial para colecionadores da Ducati. A Monster Senna, caracterizada com as cores do capacete inconfundível do tricampeão, celebra a admiração mútua entre estas duas lendas da velocidade.

Mais do que isso, a nova superbike reafirma a sólida relação estabelecida entre a fabricante de motocicletas italiana e o piloto brasileiro, mantida até hoje através do relacionamento com a sua família e a Senna Brands – empresa criada pelo próprio Ayrton para gerenciar os direitos autorais relacionados à sua imagem.

Esta colaboração levou à definição da pintura especial, desenhada pelo Centro Stile Ducati, abrigado dentro da fábrica, no bairro de Borgo Panigale, em Bolonha, no norte da Itália.

O número limitado de 341 unidades a serem produzidas é outra referência à trajetória de Senna nas pistas. O algarismo 3 representa a quantidade de títulos mundiais conquistados por ele na Fórmula 1, enquanto o 41 refere-se aos de Grandes Prêmios em que recebeu a bandeira quadriculada na primeira posição.

 

O lançamento da Ducati Monster Senna aconteceu na última quinta-feira (16), no paddock do Autódromo Dino e Enzo Ferrari, em Ímola, na mesma região de Bolonha, onde neste domingo foi disputado o Grande Prêmio da Emilia-Romagna de F1. Não por acaso, é a mesma pista em que Senna sofreu seu acidente fatal, em 1º de maio de 1994 – embora com algumas mudanças, como a extinção da implacável curva Tamburello.

A apresentação contou com as presenças de Claudio Domenicali, presidente-executivo da Ducati; Stefano Domenicali, o todo poderoso chefe da F1; e Bianca Senna, sobrinha do tricampeão e responsável pela gestão da Senna Brands.

O evento foi incluído na série de homenagens oficiais que o tricampeão está recebendo este mês na cidade e no circuito de Ímola, quando se completam 30 anos da sua morte.

DESIGN INSPIRADO

Senna e a Monster 900 em Mônaco, 1993

A escolha da Monster como base para a edição especial dedicada a Senna também está ligada à história do piloto com a Ducati. Ele foi um dos primeiros proprietários da Monster 900, lançada em 1992, seu veículo pessoal pelas ruas de Monte Carlo, onde residia em parte do ano. Foi a bordo dela que o ilustre ducatista compareceu à noite de gala do Grande Prêmio de Mônaco de F1 de 1993, poucas horas depois de conquistar sua sexta vitória nas ruas do Principado – marca ainda não igualada.

De volta à Monster 900, Ayrton gostou do conceito simples da moto, que busca trazer a diversão da pilotagem ao combinar o motor esportivo, perfeito para a estrada, ao chassi derivado das superbikes da fabricante italiana, mas com guidão largo e sem carenagem, no mais puro estilo nacked (pelada).

Nova Ducati Monster Senna é apresentada por Bianca Senna e Claudio Domenicalli

Inspirada nesta admiração mútua de quem traz a velocidade e as corridas no sangue, a Monster Senna homenageia o tricampeão mundial com a pintura nas cores do seu icônico capacete, criada pelo artista brasileiro Sid Mosca, em 1979 – claras referências à bandeira do Brasil – quando Senna disputou seu segundo mundial de kart, em Portugal. Assim, predomina na aparência da edição especial a cor amarela, contrastada pelas faixas em verde e azul que adornam o tanque e a carenagem traseira. A customização é complementada com etiquetas na mesma paleta de cores, destacadas sobre os aros escurecidos das rodas.

Ao mesmo tempo, a Ducati Monster Senna incorpora itens que, além de tornar seu visual ainda mais cativante, aprimoram as qualidades dinâmicas da moto, especialmente as rodas de alumínio forjado e os componentes de fibra de carbono. Com isso, foi possível reduzir o peso total da máquina para 175 kg (a seco), ou seja, 4 kg a menos do que o modelo padrão, que já é referência em leveza dentro da categoria.

Outro detalhe exclusivo é o logotipo da marca Senna aplicado sobre o banco, que tem acabamento em azul e fica a 840 mm de distância até o chão.

Ducati Monster Senna

A aparência frontal é marcada pela carenagem com parabrisa e pelo conjunto de iluminação totalmente LED, com luz de rodagem diurna (DLR) em desenho ovalado. Os indicadores de direção (piscas) com efeito dinâmico são instalados nos discretos defletores de ar longitudinais posicionados logo abaixo do tanque.

Chama a atenção, ainda, o acessório aerodinâmico também finalizado em amarelo, visto no ponto mais baixo e frontal do motor. Feito de alumínio, sua função é captar uma parte do fluxo de ar que passa sob a moto e direcioná-lo para a parte mais quente do motor, junto aos coletores de escape, atuando como complemento ao sistema de arrefecimento a líquido.

Ducati Monster Senna

Por fim, cada uma das unidades da Moster Senna será identificada por uma placa na peça superior que conecta os dois amortecedores, conhecida como mesa, junto ao centro do guidão. Ela traz inscritos o nome do modelo e o número em série da moto (XXX/341).

CICLÍSTICA DE SUPERBIKE

Ducati Monster Senna

Em relação à engenharia, a Ducati Monster é uma reinterpretação moderna da nacked original de 1993, resultando numa motocicleta leve, rápida e fácil de pilotar.

A ciclística se baseia no quadro com estrutura frontal e balança traseira feitas de alumínio, e subchassi traseiro moldado em Gfrp (sigla, em inglês, de plástico reforçado com fibra de vidro), material leve e resistente.

Ducati Monster Senna

As suspensões esportivas e totalmente ajustáveis, fornecidas pela Öhlins, usa garfo duplo NIX30, na dianteira, e sistema monochoque, na traseira. O amortecedor de direção garante maior precisão nas curvas, bem como melhor estabilidade em superfícies irregulares.

A edição Monster Senna tem rodas de alumínio forjado (responsável por eliminar 1,86 kg do peso da moto), com dimensões de 3,5×17”, na frente, e 5,5×17”, atrás, pintadas de preto e etiquetas alusivas da edição especial. Elas são calçadas com pneus Pirelli Diablo Rosso IV, com medidas de 120/70 ZR e 180/55 ZR, respectivamente. Contribui para a leveza da moto os paralamas em fibra de carbono.

Ducati Monster Senna

O sofisticado sistema de freios é produzido pela Brembo. Na dianteira, são usados dois discos de 320 mm de diâmetro com flanges de alumínio, mesmo material usado na estrutura monobloco das pinças Brembo Stylema, de quatro pistões, cada, montadas radialmente, com pastilhas de material sinterizado (aglutinado sob alta temperatura). Na Monster Senna, elas vêm pintadas de amarelo.

Na traseira, o disco de 245 mm tem pinça flutuante de dois pistões, gerenciado pelo ABS Cornering, otimizado para curvas e ajustável em três níveis de intervenção.

BICILÍNDRICO DESMODRÔMICO

Ducati Monster Senna

O coração da Monster Senna é o motor Testastretta 11°, de 937 cm³ de cilindrada, bicilíndrico paralelo, com taxa de compressão de 13,3:1, quatro válvulas por cilindro, comando desmodrômico (por engrenagens) e refrigeração líquida.

A potência despejada na roda traseira é de 111 cv a 9.250 rpm, com torque máximo de 9,5 kgf.m a 6.500 rpm, mas que entrega força consistente em todas as faixas de giros, segundo a fábrica.

Ducati Monster Senna

A alimentação de combustível fica a cargo do sistema de injeção eletrônica com duplo corpo de 53 mm de diâmetro, cada, acionado por acelerador ride by wire, que dispensa uso de cabo mecânico e, por isso, é mais preciso e imediato.

Na outra ponta, o sistema de escape da Monster Senna ganha o silenciador duplo Termignoni, feito de fibra de carbono e com visual realçado por faixas amarelas em ambas as ponteiras. Dentro dele estão incorporados oi catalisador para tratamento dos gases e duas sondas lambda para análise das emissões, que podem emitir sinais para que a unidade de gerenciamento do motor faça o ajuste automático da mistura de ar/combustível, por exemplo.

Ducati Monster Senna

O câmbio de seis velocidades tem engrenagens de dentes retos (mais resistentes, como os de competição) e sistema de trocas rápidas Ducati Quick Shift para subir e reduzir as marchas, sem uso da embreagem. A transmissão final é feita por corrente, com pinhão de 15 dentes e coroa de 43.

Acionada hidraulicamente, a embreagem multidisco banhada em óleo tem sistema deslizante, que evita o bloqueio da roda traseira em reduzidas bruscas, comuns na pilotagem esportiva.

CONTROLE NA CHUVA

Ducati Monster Senna

O pacote de auxílios à condução inclui o controle de tração (Ducati Traction Control), ajustável ​​a diferentes níveis de atuação, que permitem ao piloto moldar o caráter da Monster de acordo com a situação ou gosto pessoal. Além dos modos SportRoad, a edição Senna estreia o Wet Riding, específico para pilotagem sobre piso molhado, uma das especialidades do tricampeão mundial homenageado pelo modelo. O controle de tração também oferece a tecnologia anti-levantamento da roda dianteira (Ducati Wheelie Control), para ajudar o piloto a manter o bólido grudado ao chão.

A vocação esportiva da nova Monster Senna é reforçada pelo sistema de controle de largada (launch control), ajustável em três níveis, que garante partidas extremamente rápidas e consistentes.

Ducati Monster Senna

Todos esses recursos são facilmente gerenciados por meio dos controles ao alcance dos polegares no guidão ou do painel digital colorido, de 4,3 polegadas (11 cm), com tecnologia TFT, que oferece imagens mais nítidas e de fácil leitura.

As informações exibidas na tela incluem os indicadores de nível de combustível e de marcha engatada. Ao ligar a ignição, uma animação criada só para a Monster Senna inicia o painel. Tudo é alimentado por uma bateria de lítio, que é mais leve e oferece maior vida útil, entre outras vantagens sobre as tradicionais.

Ducati Monster Senna

Outros elementos exclusivos deste modelo são a carenagem  removível para o banco da garupa – que transforma a Monster Senna em uma single seater – a capa customizada para a motocicleta e o certificado de autenticidade.

PAIXÃO À PRIMEIRA VOLTA

Ducati 851 SP Desmo: o início de uma paixão

Os caminhos da Ducati e Ayrton Senna se cruzaram pela primeira vez em 1990, quando Claudio Castiglioni, então dono da Ducati e fã apaixonado de Senna e de seu talento inato, deu ao tricampeão mundial uma 851 SP.

Nos anos seguintes Senna e Ducati perceberam que tinham muitos valores em comum. Especialmente quando o campeão do mundo viu pessoalmente a nova Ducati 916, causando tal fascínio que deu origem à ideia de uma colaboração num projeto especial, capaz de unir as marcas Ducati e Senna.

Ducati 916 Senna, de 1997, leiloada pela Bomhans

Assim nasceu a Ducati 916 Senna, modelo caracterizado pela pintura escolhida pessoalmente pelo piloto brasileiro, optando por um grafismo contrastante entre o cinza antracite, o preto fosco e o vermelho, que se tornou icônica nos anos seguintes. A série especial, limitada a apenas 300 unidades, foi anunciada pela Ducati em março de 1994.

O trágico acidente em que o tricampeão perdeu a vida ocorreu poucos meses antes do início da produção da Ducati 916 Senna e interrompeu todas as operações ligadas a ele. Mas as conversas seguintes entre a Ducati e a família do piloto levaram as partes a seguir em frente com o projeto em sua memória.  O modelo foi apresentado no Salão do Automóvel de 1994 e a primeira série esgotou em pouquíssimo tempo. A seguir, vieram mais duas edições, em 1997 e 1998, com cores escolhidas por Leonardo Senna, irmão mais novo do tricampeão.

Ducati 1199 Senna, de 2014

A colaboração entre a Ducati e a Senna Brands foi retomada em 2014 com o modelo 1199 Panigale, que serviu de base para uma série limitada de 161 unidades – referência ao número de GPs de F1 disputados pelo tricampeão.

Segundo a Ducati, seus modelos chancelados com a marca Senna são muito cobiçados por colecionadores de todo o mundo. Prova disso é que, no início de dezembro de 2023, o exemplar nº 62 da Ducati 916 Senna, produzida em 1997, foi arrematada junto à casa de leilões britânica Bomhans por  16,1 mil libras esterlinas – quantia que equivale, hoje, a pouco mais de R$ 104 mil.

SEGUNDA TRAGÉDIA EM FAMÍLIA

Trazida para o Brasil, a 815 Desmo SP era o “xodó” do tricampeão

Como última informação – que, por razões óbvias, não está incluída no material de lançamento da nova Monster Senna – vale mencionar uma outra fatalidade dentro da família do piloto que estreitou ainda mais o seu laço com a Ducati.

Após a morte do tricampeão, a 851 SP que o piloto recebeu como presente da fábrica ficou sob os cuidados de Flávio Lalli, casado com Viviane, irmã mais velha de Ayrton, com quem teve os filhos Bianca, Bruno e Lalalli. Testemunha da predileção que Senna tinha pela moto, era ele, pessoalmente, quem se incumbiu das tarefas de funcioná-la, levá-la para revisões e abastecimentos.

Flávio Lalli (esq), cunhado de Senna, morto após acidente com a moto do tricampeão, em 1996

Em uma dessas ocasiões, porém, em fevereiro de 1996, Flávio trafegava pela avenida Faria Lima, na zona sul de São Paulo, sem usar capacete (que ainda não era obrigatório), quando colidiu com um taxi. O impacto fez com que ele fosse arremessado da moto e, na queda, acabou por bater a cabeça no meio fio, o que causou sua morte, aos 43 anos de idade, e mais uma tragédia para os familiares do tricampeão, em menos de dois anos.

Foi, também, o fim indesejado da 851 Desmo SP, o “xodó” de Ayrton, que acabou sendo considerada como perda total pela seguradora, tamanho os danos provocados pelo acidente. Mas que deixou mais uma marca indelével na profunda relação entre a Ducati e a família Senna.

UNIVERSO MOTOR I Redação

Edição: Fábio Ometto I Fonte: Ducati Global I Imagens: Divulgação, Bomhans e reprodução da internet

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