A notícia não é exatamente nova, mas, agora, há imagens. A Audi confirmou seu ingresso na Fórmula 1 para a temporada de 2026, simultaneamente com a primeira exibição pública do carro já devidamente vestido nas cores da divisão de competições da marca, a Audi Sport. Os planos foram divulgados em uma coletiva de imprensa com o alto escalão da fábrica alemã, convocada na manhã desta sexta-feira (27), no circuito de Spa-Francorchamps, na antevéspera do Grande Prêmio da Bélgica, primeira prova após as férias de verão da categoria.
A decisão de ingressar no principal evento do esporte a motor mundial, no entanto, fora revelada em maio, juntamente com o retorno da Porsche à categoria. Contudo, as duas marcas pertencentes ao Grupo Volkswagen seguirão estratégias diferentes dentro na competição, como detalhado mais abaixo.
Segundo a Audi, esta é a primeira vez em mais de uma década que um trem de força de Fórmula 1 será construído na Alemanha. A afirmação é uma provocação direta à atual equipe octacampeã de Construtores, a Mercedes-AMG, que apesar de correr pela bandeira germânica, tem sua fábrica em Bracley, na Inglaterra, sede da antiga Brawn GP, adquirida pela marca da estrela de três pontas para concretizar sua reentrada oficial na categora.
“O automobilismo é parte do DNA da Audi”, afirmou Markus Duesmann, Presidente do Conselho de Administração da empresa, durante a coletiva. “A Fórmula 1 é um cenário global para nossa marca e um laboratório de desenvolvimento altamente desafiador. A combinação de alto desempenho e concorrência é sempre um motor de inovação e transferência de tecnologia em nosso setor. Com as novas regras, agora é o momento certo para nos envolvermos. Afinal, a Fórmula 1 e a Audi buscam objetivos claros de sustentabilidade.”
A unidade de potência será construída no centro de engenharia de última geração da Audi Sport, o Motorsport, em Neuburg an der Donau, nas cercanias de Ingolstadt. A planta já conta com as bancadas de testes para o propulsor V-6, bem como para o desenvolvimento do motor elétrico auxiliar e da bateria que fornece a energia para o seu funcionamento. Outros investimentos estão sendo aplicados na contratação de pessoal e adequação das instalações e da infraestrutura técnica, ações que devem estar finalizadas até dezembro deste ano.
O projeto da unidade de energia será desenvolvido por uma subsidiária integral da Audi Sport criada à parte, comandada por Adam Baker, ex-engenheiro da FIA, que também será o chefe do projeto de Fórmula 1.
Conforme mencionado no início do texto, apesar de pertencerem ao mesmo Grupo Volkswagen, Audi e Porsche seguirão por caminhos diferentes na categoria. Enquanto a marca dos quatro aros tem como meta a formação de uma equipe própria, adquirindo uma das escuderias do grid (repetindo a estratégia utilizada pela Mercedes e Renault, que agora usa a marca Alpine), a Casa de Stuttgart, por sua vez, está se encaminhando para a aliança com a Red Bull Racing, na qual ficará responsável pelo fornecimento do conjunto motriz – algo semelhante à vitoriosa dobradinha com a McLaren, na década de 1980.
Durante a entrevista coletiva, a Audi também informou que a decisão sobre qual equipe ela estará alinhada em 2026 seria anunciada até o final deste ano. Porém, poucos minutos após a marca alemã confirmar sua entrada na F1, a italiana Alfa Romeo, associada à equipe Sauber, anunciou que deixará a categoria ao final da temporada de 2023. Com isso, abriu-se o caminho para a Audi seguir adiante nas negociações com a escuderia sediada nos arredores de Zurique, na Suíça.
De acordo com o site especializado Motorsport-total, a Audi poderia iniciar os depósitos para aquisição dos primeiros 25% do capital da Sauber já a partir do ano que vem, e quitar os outros possíveis 75% até 2026, com a possibilidade de o atual controlador da equipe, o bilionário sueco Finn Rausing, manter em suas mãos a participação de 25% do empreendimento. Os valores envolvidos na negociação ainda não são conhecidos.
No entanto, se por um lado a saída da Alfa Romeo facilita a investida da Audi, por outro, abre uma lacuna no fornecimento de motores para a Sauber nas duas temporadas que antecederão a estreia da marca alemã em 2026, caso o fim do acordo com os italianos signifique, também, o fim da disponibilidade das unidades de potência da Ferrari para o time suíço.
E, independentemente da manutenção dos motores Ferrari ou substituição por outro fornecedor, a Audi estaria disposta a antecipar seus planos e assumir o comando já em 2024, o que significaria investir (muito) dinheiro em uma equipe própria, mas impulsionada por unidade concorrente?
São questões sobre as quais a Audi terá de se debruçar para chegar a uma solução nos próximos dias ou semanas, antes de bater o martelo junto à Sauber.
Ainda de acordo com o comunicado distribuído à imprensa, a Audi Sport está concentrando seus esforços no projeto F1 e, por isso, encerrando seus investimentos nos protótipos da LMDh, a principal categoria do Mundial de Endurance da FIA (WEC).
No ano passado, a marca também já havia retirado seu time de fábrica do grid da Fórmula E, mantendo apenas o fornecimento do trem de força para a equipe Envision em 2022.
Por fim, a marca de Ingolstdt afirma que, paralelamente ao programa da F1, a Audi Sport continuará seu projeto de inovação com o e-tron RS-Q no Rally Dakar, que fez sua estreia no início deste ano na mais famosa competição off-road do mundo. A meta é conquistar a vitória geral no deserto já na próxima edição, em janeiro de 2023.
Fonte: Audi AG e Motorsport-total I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação