Helio Castroneves conquista Daytona, outra vez!

Agora bicampeão da Rolex 24 Horas, piloto ergue seu nome entre as lendas da terra dos ovais. E teve mais brasileiros subindo ao alto do pódio na abertura da Imsa 2022




Castroneves conquista Daytona – outra vez!

Helio Castroneves continua acelerando fundo para se tornar um dos maiores vencedores do automobilismo dos Estados Unidos de todos os tempos. Depois de faturar a 500 Milhas de Indianápolis pela quarta vez, em 2021 – feito que somente os lendários A.J. Foyt, Al Unser e Rick Mears alcançaram, todos nativos daquele país e ainda não superados – “Helinho”, como é conhecido no Brasil desde a época do kart, conquistou, na tarde do último domingo, pela segunda vez consecutiva, a Rolex 24 Horas de Daytona. Uma das mais antigas e cultuadas corridas do mundo – disputada na areia da praia de 1902 a 1958, até a construção do autódromo -, ganhar em Daytona equivale a um título à parte do campeonato da Imsa (International Motor Sports Association) ou da Nascar (a Stock Car de lá), assim como Le Mans está para o mundial de endurance, a própria Indy500 para a F-Indy, ou, de certa forma, o GP de Mônaco para a Fórmula 1 – nesse caso, mais pelo glamour e tradição do que pela velocidade.

Dessa forma, o piloto de 46 anos, nascido em Ribeirão Preto (SP), escreve mais uma vez seu nome na galeria dos grandes campeões daquele país onde a cultura das competições de carros é tão antiga quanto o próprio automóvel. Prova disso é que nem mesmo a proibição das corridas clandestinas já no final do século 19 impediu os primeiros rachadores de alinharem suas embrionárias máquinas envenenadas, apenas fazendo com que eles se transferissem para as pistas de corridas de cavalos, com seus formatos ovais, dentro de propriedades particulares onde a polícia não poderia intervir. Com o passar do tempo, esse tipo de circuito se tornou um dos símbolos do automobilismo estado-unidense, lado a lado com os potentes e robustos motores V-8.

Campeão: o Acura ARX-05 completou 761 voltas e 24h00min23s026

Disputada no icônico circuito “trioval” localizado em Daytona Beach, na Flórida, a 24 Horas de Daytona abre, tradicionalmente, as temporadas da Imsa (International Motor Sports Association), equivalente ao campeonato nacional de corridas de endurance, que mede forças – e a resistência – de protótipos e supercarros de série em provas de longa duração.

Novamente ao volante de um Acura ARX-05, porém agora pela equipe Meyer Shank Racing, Helinho conseguiu manter o carro nº 60 da categoria principal, a DPi (Daytona Prototype International), à frente do pelotão durante os 30 minutos finais. Nas últimas voltas, o brasileiro teve de se esquivar das investidas de Rick Taylor com outro Acura ARX-05, da equipe Wayne Taylor Racing, pela qual Helinho venceu pela primeira vez em Daytona, no ano passado.

Terminava ali a longa jornada ao lado dos companheiros Tom Blomqvist, Oliver Jarvis e Simon Pagenaud, coroada com a dupla vitória, em sua classe e na classificação geral da prova. Ao todo, foram 761 voltas, completadas em 24h00min23s026.

Como esperado, a vitória levou o “Homem-aranha” – o apelido mais recente de Castroneves – a escalar o alambrado que separa a pista das arquibancadas (como pode ser visto no tuíte acima), gesto que ser tornou a marca registrada do piloto brasileiro pela maneira como ele comemorou boa parte de suas 25 vitórias na F-Indy ao longo de 18 temporadas completas, especialmente as quatro em Indianápolis.

Helinho fenomenal: quatro vitórias na Indy500 e, agora, bicampeão em Daytona

“Isso foi absolutamente incrível. Não tem preço”, disse ele pouco antes de subir ao pódio. “Parece clichê, mas tudo é uma questão de acreditar. Eu acredito neles, eles acreditam em mim. Isso é exatamente o que está acontecendo com este grupo aqui. Com Simon, com Tom e com Oliver – todos nós acreditamos que poderíamos fazê-lo.”

Paralelamente, Helinho se torna o primeiro piloto a vencer na Imsa por todas as equipes que competiram com o Acura ARX-05: Meyer Shank Racing (2022), Wayne Taylor Racing (2021) e Acura Team Penske (2018-20).

Acura alcançou o bicampeonato na provaa, enquanto a Meyer Shank ganhou a segunda após dez anos

O resultado da Rolex 24 Horas de 2022 também marcou o segundo triunfo consecutivo do protótipo japonês, e a primeira dobradinha em Daytona para a Acura, marca premium da Honda. Para a equipe Meyer Shank, foi a segunda vitória na 24 Horas de Daytona, dez anos após sua primeira conquista, exatamente na 50ª edição.

Pagando o preço pela saída de Helinho, este ano a equipe Wayne Taylor Racing – que largou da pole position – teve de se contentar com a segunda posição ao final da prova, conquistado pelo quarteto Filipe Albuquerque, Will Stevens, Alexander Rossi e o próprio Richard “Rick” Taylor. O pódio da categoria DPi – válido também para o geral, no caso, uma vez que os três primeiros a cruzarem a linha de chegada competiam nessa mesma classe – foi completado por Loic Duval, Tristan Vautier, Richard Westbrook e Ben Keating, que trouxeram o Cadillac DPi-V.R da JDC Miller MotorSports ao terceiro lugar.

O Acura ARX-05 da Wayne Taylor Racing largou da pole, mas chegou a 3s028 dos campeões

A chave para a vitória da MSR pode ter sido a corrida de Blomqvist antes do turno final de Castroneves. O britânico colocou o Acura nº 60 na liderança, depois de alternar a posição com Taylor, e entregou para Castroneves.

Com a pilotagem cirurgicamente precisa e segura de sempre, o brasileiro completou o percurso com 3s028 de vantagem sobre segundo colocado.

O Ligier JS P320 da equipe Riley Motorsports pilotado por Felipe Fraga

OS OUTROS BRAZUCAS – Contudo, Helinho não foi o único brasileiro campeão em Daytona no último domingo, fazendo com que o colorido verde e amarelo se estendesse para as cerimônias de premiação de outras categorias. O paraense Felipe Fraga, 26, que foi campeão da Stock Car em 2016, terminou a Rolex 24 Horas 2022 na primeira posição da categoria LMP3 (Le Mans Prototype 3), e 13º na geral, a 38 voltas do Acura ARX-05 da MSR, dividindo o cockpit do Ligier JS P320 nº 74 da Riley Motorsports com Gar Robinson, Kay van Berlo e Michael Cooper.

Dessa forma, a tradicional equipe dos Estados Unidos repetiu, junto com Robinson, o resultado alcançado em 2021, ano de estreia da categoria LMP3 na Imsa.

Com um Porsche 911 GT3 R, Nasr levantou o titulo da categoria GTD-Pro, disputada pela primeira vez

Outro brasileiro que saiu de Daytona com o troféu de campeão foi o brasiliense Felipe Nasr. Pole position da prova do ano passado, pilotando o Cadillac DPi da equipe Whelen Engineering Racing, Nasr passou este ano para a estreante categoria GTD-Pro, pilotando o Porsche 911 GT3 R nº 09 da escuderia Pfaff Motorsports.

Ao lado de Mathieu Jaminet e Matt Campbell, o ex-piloto da Sauber F1 terminou a Rolex 24 Horas no 19º lugar da classificação geral, à frente de todos os demais concorrentes da categoria GTD-Pro.

O tricampeão da Stock Car Daniel Serra foi o segundo colocado na GTD-Pro com a Ferrari 488 GT3

O pódio dessa nova categoria teve um segundo brazuca, o tricampeão de Stock Car Daniel Serra. Junto com Alessandro Pier Guidi, James Calado e Davide Rigon, o piloto de São Paulo levou a Ferrari 488 GT3 nº 62 da Risi Competizione à 20ª posição na classificação geral, garantindo o segundo lugar na classe GTD-Pro.

O Cadillac DPi consuzido por Pipo Derani foi o quarto colocado na geral e na categoria principal

A 60ª Rolex 24 Hours contou, ainda, com a participação de outros dois representantes do Brasil bastante respeitados no automobilismo internacional.

O também paulista Pipo Derani – campeão em Daytona já em sua estreia, em 2016 –, ao lado de Mike Conway e Tristan Nunez, levou o Cadillac DPi nº 31 da Whelen Engineering Racing ao quarto lugar na geral, fechando o grupo dos protótipos inscritos na categoria principal.

O BMW M4 GT3 de Augusto Farfus enfrentou problemas e terminou em sétimo na GTD-Pro

O sexto brasileiro a alinhar na prova que abriu a temporada da Imsa foi Augusto Farfus, piloto oficial da BMW.

Dividindo o cockpit do M4 GT3 nº 25 da equipe BMW M Team RLL com Connor de Phillippi, John Edwards e Jesse Krohn, o curitibano enfrentou problemas com o assoalho do carro ao longo da prova, terminando na sétima posição da categoria GTD-Pro e 31º na geral.

O senhor dos anéis e, também, dos relógios: de vitória em vitória, Helinho aumenta a coleção de joias

E para finalizar, mais dois fatos interessantes sobre a carreira de Castroneves nos Estados Unidos. O primeiro é que, além das cerimônias, honrarias, troféus e prêmios em dinheiro, a vitória do último domingo rendeu ao piloto um cronógrafo Rolex (é claro), modelo Daytona, com detalhes em ouro, que se junta à sua coleção de vencedor, onde já se encontram o Rolex da 24 Horas de Daytona do ano passado, os quatro anéis também de ouro e os quatro pace-cars – dois Chevrolet Corvette Stingray (2002 e 2021), um Chevrolet Camaro SS (2009) e um Odsmobile Bravada (2001) – presenteados ao tetracampeão de Indianápolis.

Chevrolet Stingray conversível 2021 é o mais novo integrante da sua frota particular de pace-cars

A outra informação é que, no ano passado, Castroneves tornou-se o único piloto da história a conquistar na mesma temporada a 24 Horas de Daytona, da Imsa, e a 500 Milhas de Indianápolis, da IndyCar, onde participou apenas de algumas provas.

Piloto disputará temporada completa da Indy, em busca do penta na Indy500 e do primeiro título

E, assim, considerando que Helinho voltará a disputar a temporada completa da Indy em 2022, pela mesma equipe Meyer Shank, ao lado de Simon Pagenaud, e de que ele já começou este ano vencendo novamente em Daytona, fica a expectativa, diante da fase excepcional em sua carreira, de que ele conquiste não “apenas” a quinta e definitiva vitória no circuito oval mais famoso do mundo – o que o colocaria acima de todas as lendas da F-Indy – mas, também, o tão sonhado e merecido título da principal categoria de monopostos dos Estados Unidos, rival histórica da Fórmula 1.

Temporada da Imsa retorna às atividades em março, em Sebring

O campeonato da Imsa retornará às atividades entre os dias 16 e 19 de março, para a disputa da segunda etapa da temporada, a também tradicional 12 Horas de Sebring, no circuito misto localizado no mesmo estado da Flórida.

Fontes: Acura, MSR, Imsa, Porsche, Wikipedia I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação e redes sociais




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