“A Terra é azul”: há 60 anos, Gagarin era o primeiro humano no espaço

Russo completou uma volta ao redor da Terra a mais de 320 km de altitude, dando largada à corrida tecnológica contra os EUA, que culminou com a chegada à Lua




A Rússia comemora hoje o Dia Nacional do Cosmonauta. Isso, porque nessa mesma data, há exatos 60 anos, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.) – que incorporava o território russo e mantinha lá a sua capital, em Moscou – entrava para a história com o lançamento do primeiro homem à órbita da Terra.

Na manhã de 12 de abril de 1961, o major da força aérea soviética Yuri Gagarin, de 27 anos, acomodou-se a bordo de uma cápsula de 5 metros de altura por 2,3 m de diâmetro, acoplada no ponto mais alto do foguete Vostok 1, para um voo de uma hora e 48 minutos, a uma altitude máxima de 327 km, completando uma volta ao redor do planeta.

Lançamento do Vostok I no cosmódromo de Baikonur, em 12 de abril de 1961

“Vejo a Terra. Ela é azul”, disse Gagarin, em respostas fragmentadas, via rádio, ao comando da missão na base de Baikonur, no Cazaquistão – que, assim como a Rússia, integrava o território soviético. Ao voltar à terra firme, ileso, após a descida de 2,5 km suavizada pelo paraquedas da cápsula, Gagarin tornou-se o primeiro cosmonauta da história (que é o sinônimo em russo de astronauta), e uma das principais referências da corrida espacial ao longo das gerações.

A comemoração em torno daquele feito tomou conta da programação da rádio no país e das ruas de Moscou, o que acabou dando origem ao feriado do país, desde 1962.

Em um período marcado pela Guerra Fria e pela expectativa de domínio político e de tecnologias por meio de conquistas espaciais, a União Soviética dava um passo largo, pouco tempo depois do lançamento do satélite Sputnik, em 1957. ”É possível sonhar com algo maior?”, perguntou o primeiro homem a ir ao espaço, após o sucesso da missão Vostok.

Yuri Gagarin, aos 27 anos, momentos antes de ser lançado ao espaço e entrar para a história

De camponês, operário, até chegar a aviador, Yuri Gagarin definiu sua contribuição por ter pavimentado o caminho do homem rumo à exploração espacial.

O acontecimento histórico acirrou o empenho dos Estados Unidos e, menos de um mês após o voo de Gagarin, em 5 de maio de 1961, o país lançava o seu primeiro cidadão à órbita da Terra, Alan Shepard (que, uma década depois, foi o quinto a pisar em solo lunar).

Em 1969, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) deu o impulso definitivo para tomar a dianteira na corrida espacial ao lançar a missão Apollo 11, conduzindo o primeiro homem a pisar na Lua, Neil Armstrong, seguido por Edwin Buzz Aldrin, e o piloto Michael Collins – façanha que Gagarin, morto em um voo de treinamento, no ano anterior, não pode assistir.

Em plena operação, cosmódromo de Baikonur é a mais antiga base de foguetes do mundo

Este ano, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, as celebrações pelo 12 de abril na Rússia se restringirão a uma cerimônia na Plataforma de Gagarin (local de onde a Vostok 1 foi lançada) e uma conferência com delegações estrangeiras. Além disso, uma coroa de flores será colocada no Kremlin, sede do governo russo, em Moscou, em homenagem aos cosmonautas mortos, de acordo com a reportagem publicada pela Agência Brasil.

A Rússia também destaca, neste feriado nacional, a adoção de tecnologias inovadoras em pesquisas espaciais, ainda de acordo com a matéria. Na última sexta-feira (9) um voo em homenagem a Gagarin foi levado à Estação Espacial Internacional ISS), com dois tripulantes russos e um estado-unidense.

Estação Espacial Internacional (ISS)

Passado o período de polarização da corrida espacial, atualmente os Estados Unidos também contam com a base de lançamento de Baikonur, controlada pela Rússia, para enviar missões tripuladas em órbita da Terra, devido ao fim do programa de lançamentos dos ônibus espaciais da Nasa, em 2011.

Fontes: Agência Brasil, agência Tass e Wikipédia I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Agência Brasil, Tass e Nasa




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