Enquanto os olhos do mundo se voltam para a nova era da corrida espacial, seduzidos pela possibilidade de que, num futuro não muito distante, as primeiras pegadas humanas sejam impressas em solo marciano, a Triton Submarines dá mais um longo e desafiador passo no sentido contrário – mas tão fascinante, quanto – em direção ao fundo do mar, e apresenta seu mais intrépido modelo de exploração, o 13000/2.
Batizado de Titanic Explorer – uma homenagem desta fabricante sediada na Flórida, nos Estados Unidos, à expedição que visitou o naufrágio do famoso transatlântico a bordo de um de seus veículos, em 2019 – o novo modelo foi projetado para ser o submersível com casco do tipo bolha de acrílico pressurizado mais resistente à profundidade já construído, resultando em um aparelho capaz de mergulhar a até quatro quilômetros abaixo da superfície, ou 13.123 pés, com dois ocupantes (piloto e acompanhante) – sugeridos pela código 13000/2.
Mas, de que adiantaria alcançar tal profundeza – onde as sombras são eternas, devido à impossibilidade de os raios solares penetrarem até lá -, se quase nada pudesse ser visto, registrado e, até mesmo, compartilhado com o mundo acima da superfície?
Por essa razão, o Titanic Explorer também é o primeiro modelo da Triton a ser incrementado com as “asas de gaivota” dobráveis, que servem de plataforma para a instalação de luzes e câmeras. Fora isso, elas permitem que o submersível se movimente como um “planador silencioso” no fundo mar, por meio do modo de condução Silent Glide, que dispensa a atuação dos oito propulsores do veículo e propicia a descida suave e amigável aos estranhos habitantes do mar da tranquilidade.
E, por serem rebatíveis, as asas não comprometem a praticidade e agilidade nas operações do aparelho, seja dentro ou fora d´água. Isso, porque quando recolhidas, elas permitem que as descidas e subidas imersas sejam mais ágeis, além de possibilitar que o veículo passe por espaços restritos ou seja manobrado nessas condições. Já acima da superfície, fica mais fácil a movimentação do equipamento, que também pode alojado até em uma pequena garagem.
Compacto, o Triton 13000/2 TE mede 4,45 m de comprimento (18 cm a menos do que um Toyota Corolla, para se ter uma base), 2,75 m de largura e 3 m de altura total. Com as asas totalmente abertas, a envergadura de uma extremidade a outra é de 6 m. Fora da água, o peso total do veículo é de 12 toneladas.
Internamente, a bolha de acrílico tem diâmetro de 5 m, oferecendo amplo espaço para os ocupantes, que podem ficar tão livres para se movimentar e para se comunicar quanto se estivessem dentro de um automóvel, graças ao suporte de oxigênio e do purificador de CO2, combinados às grandes aberturas de respiro, que dispensam qualquer tipo de equipamento pessoal de sobrevivência.
A motorização 100% elétrica é composta de quatro propulsores principais, direcionais, com potência de 5,5 kW (7,47 cv) cada, mais quatro auxiliares com as mesmas especificações.
A alimentação de energia para os motores vem de do conjunto de baterias de íons de lítio – mesmo tipo utilizado em automóveis e demais veículos terrestres -, com capacidade de fornecer até 40 kWh, além dos sistemas auxiliares de reserva e de emergência.
Seu sistema de lastros variáveis tem volume de 250 litros, o que lhe permite descer e subir conforme o peso adicionado. A velocidade máxima é de 3 nós (5,5 km/h).
Dependendo do uso da energia armazenada nas baterias, o Triton 13000/2 TE tem autonomia para permanecer até 12 horas ou mais a cada mergulho, permitindo aos pesquisadores e cinegrafistas dedicarem cada vez mais tempo em suas atividades.
Conforme já mencionado, o novo modelo de exploração pode levar até dois ocupantes, sendo que apenas um deles comanda o veículo, enquanto o segundo fica livre para as atividades relacionadas aos objetivos da expedição. O controle manual é feito por meio de uma alavanca do tipo joystick (pequeno manche) e de uma tela sensível ao toque no painel.
Sua recém-lançada tecnologia de controle ultra-fino oferece manobrabilidade suave e precisa do veículo, dando ao piloto a confiança para se manter ainda mais perto de objetos estáticos – como recifes, paredões e naufrágios – ou seguir cuidadosamente peixes e outras criaturas, permitindo, também, executar movimentos suavemente controlados com a câmera.
O Triton 13000/2 Titanic Explorer é o único submersível com cabine de acrílico comercialmente certificado para mergulhos abaixo de 13 mil pés – ou 3.962 m – de profundidade. Para tornar isso possível, o habitáculo com volume de 1.770 litros é pressurizado internamente. Assim como todos os outros submergíveis construídos pela Triton, ele oferece a vantagem do exclusivo processo de fabricação da bolha de acrílico, único no mundo, resultando em um visor com campo de quase 360º, completamente incolor e opticamente perfeito.
E justamente por oferecerem esta ampla janela para o mundo submarino, sem a mínima distorção das imagens, os submergíveis da fabricante estado-unidense são os preferidos pelos produtores de filmes de alta qualidade, incluindo a tv britânica BBC e o canal Nacional Geographic, entre outras.
O Triton 13000/2 Titanic Explorer foi desenhado para ser um dos submersíveis mais fáceis de serem mantidos, bem como de forma a facilitar os procedimentos de lançamento, minimizando o desperdício de tempo na superfície até iniciar o mergulho.
O formato hidrodinâmico do veículo – com as asas totalmente recolhidas – agiliza a descida até os 13 mil pés. A jornada leva menos de duas horas, significativamente mais rápido do que era possível anteriormente, afirma a Triton.
Com as asas parcialmente abertas, submarino também conta com o modo de operação chamado de silente glide – que pode ser traduzido como “planeio silencioso” -, que permite ao submergível manter a orientação e planar em direção a pontos de interesse, sem a necessidade de ligar seus propulsores.
A Triton afirma, também, que o modo Silent Glide possibilita suaves movimentações em curva, recurso bastante apropriado para o trabalho com as câmeras, ou seguir espécimes em movimento, mas sem lhes causar qualquer incômodo. Ainda de acordo com a fabricante, combinadas com o controle ultra-fino de condução, as asas também são perfeitas para manobras precisas, permitindo abordagens em curta distância ou inspeções aproximadas em estruturas submarinas com extrema confiabilidade.
Já quando totalmente abertas, batendo os seis metros de envergadura, as novas estruturas laterais se transformam em um suporte horizontal para luzes e câmeras. Segundo a Triton, tal posicionamento é o ideal para trabalhos como observações científicas ou filmagens próximas.
As câmeras localizadas nas extremidades das asas propiciam um perfeito ponto de captação de imagens, não apenas por ampliam o campo visual para as laterais, mas, também, por permitir que se coloque em quadro a maior parte do submergível e seus ocupantes, ângulo perfeito para produções presencialmente dirigidas.
O potente conjunto de luzes é formado por seis spots (holofotes) de LED, com capacidade de iluminação de 20,000 lumen, cada, mas desenhados de forma que a não gerarem reflexos pela proximidade com cabine de acrílico incolor.
Os sistemas elétrico e mecânico do novo Triton 13000/2 Titanic Explorer foram projetados de forma a permitir a integração de ferramentas e acessórios para missões específicas, controlados de dentro do submersível. A ampla disponibilidade de conexões eletrônicas, hidráulicas e pneumáticas, além de múltiplos pontos de fixação, possibilitam a instalação de até 500 kg de equipamentos, tais como guinchos, braços mecânicos para coleta de amostras e câmeras extras direcionáveis.
No início de agosto de 2019, pela primeira vez em 14 anos, o naufrágio do RMS Titanic foi visitado por um veículo tripulado, o Triton 36000/2. Apelidado de Limiting Factor (“Fator limitante”), o submersível alcançou o fundo do Atlântico Norte, a 3.810 m da superfície, em uma missão extraordinária.
Ao longo de oito dias, a equipe de exploradores completou o total de cinco mergulhos aos restos do transatlântico naufragado em 1911, após colidir com um iceberg a 370 milhas ao sul de Newfoundland, na costa leste do Canadá, e que causou a morte de cerca de 1500 dos seus 2.224 passageiros e tripulantes. Parte das imagens captadas durante a expedição para um documentário podem ser vistas neste vídeo (em inglês), divulgado pela Atlantic Productions:
Fonte: Triton Submarines I Tradução e edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação e Atlantic Productions