Uma das mais tradicionais corridas de longa duração do automobilismo brasileiro, os 500 Km de Interlagos, teve a sua 36ª edição disputada este domingo (22), com largada às 13h50. Ao final das 116 voltas pelo traçado de 4.309 m, o protótipo MRX pilotado pelo quarteto Leandro Totti, Léo Yoshi, José Vilela e Guga Ghizo foi o primeiro a receber a bandeira quadriculada, totalizando 3h51min27s169 de prova. A segunda posição ficou para outro protótipo, o Spyder conduzido por Alexandre Zaninotto, Ciro Paciello e Leandro Guerra, que completou a corrida uma volta atrás do carro vencedor. Júnior Victorette e Rafael Iserhard, com um Audi RS3 LMS TCR, terminaram em terceiro e venceram na classe Turismo Força Livre (TFL).
A vitória do carro nº 73, inscrito na classe P2 (para motores até 2.100 cm³, aspirados, com oito válvulas e câmbio manual) ganhou um contorno ainda mais dramático e especial depois de ter garantido a pole position, no sábado, com o tempo de 1min39s721, porém ter sido obrigado a partir do box para a corrida, atrás de todos os demais concorrentes, por causa de um problema de última hora surgido na embreagem, reparado momentos antes da largada.
No entanto, em apenas quatro voltas, o protótipo preto e verde já aparecia entre os seis primeiros, travou duelo acirrado com o então líder Cobalt Stock V8 – pilotado por Ney e Neyzinho Faustini, pai e filho, que haviam herdado a primeira posição no grid -, até tomar a primeira posição e seguir definitivamente rumo à vitória.
“Depois do warm up, a gente sabia que tinha um carro confiável. Mas tivemos o problema de embreagem antes da largada. Os meninos fizeram a parte deles e foi bom. Ganhar os 500 Km de Interlagos ficará marcado na história”, comemorou Totti, ex-piloto da Fórmula Truck e tricampeão da categoria de caminhões.
Mesmo com arquibancadas fechadas e o grid esvaziado em função da pandemia da Covid-19, a prova que é caracterizada pela diversidade de categorias de automóveis e de níveis de competitividade reuniu 24 carros, das mais diferentes marcas e épocas.
Entre os favoritos ao título estavam os protótipos desenvolvidos especialmente para corridas de longa duração como os modelos abertos Spyder e MRX, e o Cobalt Stock V-8 (com chassi tubular e carenagem de fibra de vidro no formato do sedã da Chevrolet), bem como os importados Audi RS3 LMS TCR e Alfa Romeo 156.
No entanto, mantendo vivo o espírito democrático da prova, a maioria dos competidores alinhou modelos já considerados antigos, mas com fôlego suficiente para aguentar as quase quatro horas de corrida, como os VW Gol, Brasília, Passat e Voyage, o Fiat Línea e o Chevrolet Corsa. A atual geração nacional foi representada pelo solitário, mas valente, Renault Sandero.
Depois de quase quatro horas de muita resistência – inclusive ao forte calor na zona sul da capital paulista – os demais campeões da prova foram Eduardo Pimenta e Luís Cesar Oliveira, com um Spyder, que completaram em quarto na geral e venceram na classe P3 (também para motores até 2.100 cm³, porém com 16 válvulas e permitido o uso de transmissão sequencial), seguidos por Maurício Airas e Rafael Kasai, que triunfaram na classe Turismo 2.0, com um bem preparado Corsa. Sétimos colocados no computo total, Leandro Pedro, Fábio Coelho e Ton Wagner Costa venceram na classe Turismo 1.6, com um VW Passat.
Outros favoritos ficaram pelo caminho. Entre eles, os vencedores dos 500 Km de 2019, Sérgio Pistilli e Deninho Casarini – este, campeão do Rally dos Sertões, duas semanas atrás, na categoria dos UTVs), eliminados da prova ainda nas voltas iniciais, devido a um problema no motor do Spyder.
O Cobalt Stock V8, da categoria Turismo Força Livre (para carros com motores aspirados acima de 2.000 cm³ ou turbinados de qualquer cilindrada) corria seguro na vice-liderança depois da disputa com o MRX vencedor, até ficar parado na pista devido à quebra dos parafusos da roda traseira direita. Levado ao box sobre um caminhão plataforma, o vistoso sedã amarelo foi consertado e voltou para a pista, quase meia hora após a pane.
Em um esforço de família, a dupla de pilotos passou a imprimir o ritmo de classificação de forma espetacular, em busca de conquistar um dos troféus da sua categoria, ao menos, mas tiveram de parar, definitivamente, na metade da prova.
Outro destaque deste 500 Km de Interlagos foi o VW Gol pilotado pela única mulher inscrita na corrida, Lu Klai, ao lado de Marcelo Dias, Pedro Alexandre e Maurício Gonçalves, que ocupava oterceiro lugar na categoria Turismo 1.6 quando abandonou por conta de um acidente na Descida do Lago.
Silvio Zambello, presidente do Automóvel Clube Paulista, entidade que tradicionalmente organiza a 500 Km de Interlagos, ficou satisfeito com a prova: “Foi um ano difícil por motivos que todos conhecemos. Mas decidimos encarar o desafio de fazer mais uma edição e tive o apoio do Grupo Servidone, da Pit Stop, da Plansaúde e da Yokohama. Valeu a pena: tivemos um grid expressivo e uma prova muito disputada”, comemorou o dirigente, filho de Emílio Zambello, idealizador da prova no final da década de 1950.
Confira a classificação final dos 500 Km de Interlagos 2020:
1º – (73) José Vilela, Guga Ghizo, Leandro Totti e Leo Yoshi (MRX) – 116 voltas em 3h51min27s169
2º – (31) Alexandre Zaninotto, Ciro Paciello e Leandro Guerra (Spyder) – a 1 volta
3º – (141) Júnior Victorette e Rafael Iserhard (Audi) – a 4 voltas
4º – (110) Eduardo Pimenta e Luís Cesar Oliveira (Spyder) – a 6 voltas
5º – (78) Ricardo Furquim e José Tinoco (Spyder) – a 14 voltas
6º – (17) Maurício Airas e Rafael Kasai (Corsa) – a 15 voltas
7º – (98) Leandro Pedro, Fábio Coelho e Ton Wagner Costa (Passat) – a 17 voltas
8º – (92) Marcelo Camacho e Lamartine Pinotti (Spyder) – a 17 voltas
9º – (216) George, Parente e Ricardo Campanela (Corsa) – a 19 voltas
10º – (111) Luiz Henrique, Rafael Andrade e Maurício Marchione (Gol) – a 21 voltas
11º – (18) Estevão Alex e Humberto Guerra (Spyder) – a 24 voltas
12º – (43) Anderson Scovoli, Eber Gomes e Carlos Auricchio (Corsa) – a 27 voltas
13º – (72) Carlos Antunes, Yuri Antunes e Marcelo Campagnolo (MRX) – a 30 voltas
14º – (8) William Chahine, Juliano Meira, Marcelo Kairis e Leandro Kairis (Voyage) – a 30 voltas
15º – (971) Thiago Regis, Tadeu Jayme e Ricardo Cimatti (Sandero) – a 32 voltas
16º – (80) Luciano Borghesi e Beto Borghesi (MRX) – a 32 voltas
17º – (183) Victor Correa e Victor Correa Filho (Passat) – a 33 voltas
18º – (51) Rodrigo Pereira e Renan Casseta (Linea) – a 36 voltas
19º – (84) Lu Klai, Marcelo Dias, Pedro Alexandre e Maurício Gonçalves (Gol) – a 38 voltas
20º – (89) Matheus Coppa, Ricardo Abud e Gustavo Coppa (Passat) – a 38 voltas
21º – (22) Erick Grosso e Nelson Silva Jr. (Alfa Romeo) – a 39 voltas
22º – (173) Marcelo Servidone, Marcelo Fortes e Luís Finotti (Escort) – a 44 voltas
23º – (25) Ney Faustini e Neyzinho Faustini (Cobalt Stock V8) – a 53 voltas
24º – (10) Roberto Dal Pont e Luiz Abbade (Spyder) – a 65 voltas
25º – (1) Deninho Casarini e Sérgio Pistilli (Spyder) – a 71 voltas
Desclassificado – (222) Carlos Vallone, Gabriel Vallone e Ricardo Kraft (Gol)
Fonte: LetraNova Comunicação I Edição: Fábio Ometto I Imagens: Divulgação